Pantanal de MT pode ter uma das secas mais graves da história
Desde o início da estação chuvosa, em outubro, é observado um déficit de chuvas na Bacia do Rio Paraguai.
Terça-feira, 15 de maio de 2024
Bioma Ameaçado
Em plena estação das águas, a Bacia do Rio Paraguai, que abastece o Pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, passou por um período de baixa precipitação, o que deve ter reflexo agora, durante o período de estiagem.
Com isso, o bioma pantaneiro pode sofrer uma das piores secas de sua história neste ano, com consequências severas para a biodiversidade.
O alerta foi feito, na semana passada, pelo pesquisador Marcus Suassuna, do Serviço Geológico do Brasil (SGB), durante a 1ª reunião da Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai, realizada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (Ana).
O problema se agrava devido às altas temperaturas e aos índices baixos de Umidade Relativa do Ar (URA), que aumentam a probabilidade de ocorrência de incêndios florestais.
"Desde o início da estação chuvosa, em outubro, é observado um déficit de chuvas na Bacia do Rio Paraguai. Foram observados aproximadamente 660 mm, quando eram esperados 940 mm. Em abril, choveu 20 mm acima do esperado na região, o que foi uma notícia boa. Mas esse volume não compensa o déficit acumulado desde outubro, e os níveis dos rios permaneceram abaixo da média", disse.
Na região, o monitoramento aponta que foram registrados déficits de precipitações de 300mm em média, no período chuvoso de 2023/2024.
Pela hidrovia pantaneira são escoados minérios, soja e gado.
De acordo com os dados, datados do último dia 9 deste mês e disponíveis em boletim extraordinário do Sistema Hidrológico da bacia, a manutenção dos baixos níveis da água na bacia permanece.
Exemplo disso ocorre em Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá), onde a régua de medição do Rio Paraguai estava em 1,94 metro, sendo a média histórica de 3,60m.
Na mesma data, em Santo Antônio de Leverger (27 km ao Sul de Cuiabá), o nível observado foi de 2,58m, enquanto o esperado era de 4,01m; e em Barão de Melgaço, a marca verificada foi de 2,48m, sendo a média de 3,84m.
Já em Cuiabá, a estação de referência estava em 1,10m, sendo a cota histórica de 1,84m. No vizinho Mato Grosso do Sul, a situação é semelhante.
Em Porto Murtinho (MS), a cota estava em 2,28m, enquanto o esperado era de 4,75m.
PLANO DE AÇÃO – A previsão de cenário crítico foi lembrada pela secretária do Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, durante o anúncio da destinação de R$ 74,5 milhões para o combate de crimes ambientais em todo o território mato-grossense ao longo deste ano pelo Governo de Mato Grosso, na tarde da última quinta-feira (9).
“O modelo que o Governo de Mato Grosso adotou tem se mostrado o mais eficiente no cenário nacional. Conseguimos efetivamente melhorar as ações de resposta e responsabilização, mas o desafio continua tendo em vista que neste ano as previsões apontam para cenários críticos na Bacia do Paraguai”, disse.
O investimento foi anunciado pelo governador Mauro Mendes, durante a reunião do Comitê Estratégico para o Combate do Desmatamento Ilegal, a Exploração Florestal Ilegal e aos Incêndios Florestais (Cedif).
“Todos os anos investimos no combate aos crimes ambientais. Neste ano, são mais R$ 74,5 milhões que poderiam ter sido alocados para outros setores, mas entendemos a importância de combater estas ilegalidades”, disse Mendes, que preside o comitê.
Vale lembrar que neste ano, o período proibitivo de uso do fogo foi ampliado e contará com prazos diferentes para os biomas mato-grossenses.
Na Amazônia e Cerrado, fica proibido o uso do fogo para limpeza e manejo de áreas entre 1° de julho e 30 de novembro.
Já no Pantanal, a proibição se estende até 31 de dezembro.
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