Maior caverna de MT é aberta a visitação
Segunda-feira, 29 de maio de 2023
Explorar cavernas é mergulhar em um mundo misterioso e encantador, em que a escuridão revela histórias antigas, formações geológicas espetaculares e uma conexão com a natureza.
Pouco explorado, o turismo de cavernas ainda está em crescimento em Mato Grosso. Prova disso é que a maior caverna do estado, a Caverna do Jabuti, foi aberta há pouco mais de um mês, após 18 anos de espera.
Localizado em Curvelândia (a 279 km de Cuiabá), o local tem 4 km de extensão, o equivalente a 33 campos de futebol em linha reta. Desde abril, a caverna passou a receber grupos de turistas, mas a luta do setor agora é conseguir infraestrutura para o que o local seja frequentado.
Atualmente, Mato Grosso tem 585 cavernas registradas, de acordo com Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). No entanto, a maior parte delas não é conhecida pela população, apesar de ter milhares de anos de história – e muitas nem podem ser visitadas ainda, por questões ambientais.
O Monumento Natural Caverna do Jabuti é um desses locais milenares e recentemente recebeu autorização para abrir visitação.
A caverna, formada por arenito e calcário, tem cerca de 600 milhões de anos, segundo pesquisadores, mas só foi descoberta em 1982 por desbravadores da região.
Desde então, um grupo de pesquisadores passou a trabalhar para o mapeamento e licenciamento ambiental do local.
A bióloga da Prefeitura de Curvelândia, Fabiana Bezerra, fez parte deste trabalho de mapeamento e conta que há 18 anos luta por esse projeto.
“Só agora conseguimos a legalização, de acordo com as normas ambientais, e a caverna pode ser oficialmente visitada. Mato Grosso tem muitas paisagens, rios, cachoeiras, mas quando nos deparamos com uma caverna gigantesca como essa, com salões imensos, pensamos: esse vai ser o chamariz da região Sudoeste. A nossa intenção é que a caverna seja mais um motivo para as pessoas visitarem a região. O turista pode ser daqui e ir para um balneário em Mirassol d’Oeste ou às cachoeiras de Salto do Céu e de Rio Branco, podem ir à Reserva do Cabaçal”, detalha.
A bióloga explica que uma parceria com o Sebrae está sendo trabalhada para que sejam formatados roteiros turísticos na região para fomentar a economia local e o turismo rural, já que o município é pequeno, com 5 mil habitantes, e tem predominância rural.
Para isso, Fabiana afirma que é preciso recursos para investimentos em infraestrutura no local.
“Hoje o turista vem à Caverna do Jabuti, faz o passeio e vai embora. Queremos então implantar tirolesa, arvorismo e uma torre de observação de aves. Mas precisamos de recursos. O monumento natural está em uma unidade de conservação de 250 hectares, com muito potencial. Então, se o turista tem outras atividades para fazer no parque, ele fica mais tempo na região, almoça na cidade ou posso ofertar para ir em uma propriedade rural ter um almoço caipira. Eu consigo atrair mais turistas e assim desenvolver a economia local”, argumenta.
Em 2014, O Monumento Natural Caverna do Jabuti foi tombado como patrimônio histórico e artístico do estado.
Em março de 2023, o local conseguiu a dispensa de licenciamento de infraestrutura e foi aberto oficialmente pelo Município.
A visitação
Para a visitação da Caverna do Jabuti, o turista precisa ser acompanhado por um guia.
O valor cobrado é de R$ 50 por pessoa.
São 15 ambientes diferentes dentro da caverna e o passeio dura cerca de 2 horas.
O acesso não é tão difícil, pois os salões são altos e permitem que as pessoas andem em pé nos ambientes.
Os grandes salões ornamentados têm uma infinidade de espeleotemas, que são as formações rochosas resultantes da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água.
As formas dependem do vento, da água, da posição da caverna e dos minerais, entre outros fatores. Algumas das que são encontradas na caverna foram nomeadas como "Pão de Açúcar", "Expansão do Universo", "Altar do Sacrifício" e "Saia da Noiva".
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