Falta até soro e dipirona na saúde de Cuiabá, "denunciam médicos."
Sem medicamentos básicos, como dipirona, insumos e aparelhos para exames de alta complexidade, atendimento pelo SUS é prejudicado
A falta de medicamentos e de insumos tem sido frequente nas unidades básicas e de pronto-atendimento, em Cuiabá.
A denúncia foi feita por profissionais da área da Saúde ao Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) e resultou em uma inspeção realizada no dia 6 passado, pelo MP-MT e os Conselhos Regionais de Medicina (CRM) e de Farmácia (CRF).
Em um dos depoimentos, uma médica concursada relata o que considera como um dos piores momentos da Saúde Pública já verificado na Capital nas últimas três décadas.
“Nunca, nesses últimos 30 anos, esteve tão ruim. Falta de tudo, com falta de estrutura, com falta de medicação e com falta de especialistas”, disse.
A profissional da área segue afirmando que, há mais de um ano, falta dipirona em quantidade suficiente para atender os pacientes.
“Às vezes, chega uma caixinha, uma caixinha não dá para cinco dias”, disse.
“Tem 175 itens na nossa farmacinha básica, que a própria Prefeitura prescreve como itens básicos e deveriam ter. Eu fui lá, contei e deu 26 itens que a gente têm. Não dá 15% do que a gente deveria ter”, acrescentou.
A médica relata ainda que, recentemente chegou, uma menina de 16 anos que apresentava sintomas de tumor cerebral, mas não foi possível fazer ressonância por não ter conseguido um neurologista.
Outra servidora conta que, da pandemia para cá, a situação piorou, inclusive, com matérias antigos e estragados, sem reposição, como ventiladores, monitores e camas.
“A minha preocupação maior é com relação a medicamentos. A gente tem muitas faltas de medicamentos básicos, medicamentos para pressão para controle de pressão arterial, de sedativos, de medicamentos psicotrópicos para ajudar o paciente a sair da ventilação mecânica e despertar, antibióticos também”, disse.
“Até falta de soro a gente tem lá, de glicose. Então, assim, é bem caótica a situação no hospital pronto-socorro atualmente”, completou.
A profissional informou, também, que dentro da terapia intensiva (UTI), os medicamentos em falta são essenciais para salvar vida, e que há casos de óbitos ou complicações do quadro clínico relacionados a essa falta de remédios.
“Já tive paciente que simplesmente precisava para pressão, que estava com pressão muito alta e tevecolapso cardíaco”, relatou.
Um terceiro funcionário da Saúde, também ouvido pelo Ministério Público, comparou a estrutura física das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Cuiabá e Várzea Grande.
“Lá, a farmácia tem diferença absurda. Não tem nem o que discutir. Lá, a gente tem seis tipos de antibióticos, todos os analgésicos, todos os anti-inflamatórios e tem em grande quantidade”, afirmou.
“Cuiabá não tem nada, não tem nada”, acrescentou.
Em 19 de outubro de 2021, o prefeito Emanuel Pinheiro, chegou a ser afastado de forma temporária da prefeitura por indícios de ilegalidades na saúde da Capital, retornando ao cargo somente 37 dias depois. Na oportunidade, o chefe de gabinete da prefeitura, Antônio Monreal Neto, foi preso.
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