Advogado de brasileira presa na Tailândia: 'Não há chance de pena de morte'.
Na Tailândia, não se aplica esse tipo de punição no tipo de droga que ela estava levando, que possivelmente era cocaína
Quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Mary Hellen Coelho da Silva, 22, presa após ser flagrada com outros dois brasileiros com malas transportando 15,5 kg de cocaína no aeroporto de Bangkok, na Tailândia, não corre o risco de enfrentar o corredor da morte no país, segundo avalia o novo advogado contratado pela família, o criminalista Telêmaco Marrace, que assumiu o caso ontem. A jovem de Pouso Alegre (MG) está detida no país desde a última segunda-feira (14) e a família luta para que ela cumpra pena no Brasil.
O defensor diz que o principal medo dos familiares e amigos de Mary Hellen é de que ela seja condenada à pena de morte, mas que este não seria o caso. "Na Tailândia, não se aplica esse tipo de punição no tipo de droga que ela estava levando, que possivelmente era cocaína. A última legislação do país diz claramente que apenas o tráfico de heroína gera essa condenação", diz.
A jovem saiu do Brasil pelo aeroporto de Curitiba (PR). Como ela não tem passagens pela polícia por nenhum crime, o advogado afirma que tudo levar a crer de que ela teria sido usada como "mula", ou seja, não tinha conhecimento do que levava nas bagagens.
Eu creio que essa menina foi fisgada. É o termo chamado "angel fisherman", ou seja, o anjo pescador. É muito comum emissores de traficantes atuarem em baladas e redes sociais aliciando mulheres em situação de vulnerabilidade financeira ou emocional. Eles se pintam de príncipes encantados prometem mundos e fundos e levam essas moças para as armadilhas. São eles que preparam as malas. Acredito que foi isso que aconteceu com a Mary Helen.
Telêmaco Marrace, advogado criminalista.
O advogado, que já atuou em casos de tráfico internacional como o de Morgana Santos, moradora de Canelinha, presa na Itália em 2016, diz ter expectativa de abrandar a pena imposta a Mary Hellen e fala do caso da jovem isoladamente, de forma independente dos outros dois brasileiros detidos na ocasião.
"Era uma quantidade de drogas pequena [com ela], apenas nove quilos e meio. Não é alta para os padrões de lá. Acredito que ela deva cumprir uma pena intermediária, ficando alguns anos presa, apenas cinco", explica.
A estudante de enfermagem, irmã de Mary Hellen, Mariana Coelho, disse a reportagem que a conversa com o novo advogado trouxe esperança e um pouco de alívio para a família.
"Só de saber que ela não vai ser condenada a morte, trouxe paz para o nosso coração. Não consegui falar com ela desde domingo (20) e espero que esteja bem. Nossa vida virou de ponta-cabeça mas não vamos desistir. Mariana Coelho, irmã
O caso
Mary Hellen Coelho pediu demissão do emprego uma semana antes de viajar e o destino, a Tailândia, foi mantido em sigilo da família. A jovem nunca tinha saído do país e se preparava para tentar abrir uma loja de doces com a irmã, depois de ter retomado os estudos, no 1º ano do ensino médio.
Ela foi detida ao desembarcar no aeroporto de Bangkok, na última segunda-feira (14). Mary Hellen chegou em um voo com um homem de 27 anos. Funcionários do aeroporto da Tailândia desconfiaram de itens mostrados no raio x e as três malas levadas pela jovem de Pouso Alegre e o amigo foram revistadas. Em um compartimento oculto da mala dela, foram encontrados ao menos 9 kg de cocaína. Horas depois, um terceiro rapaz, de 24 anos, chegou em outro voo e foi preso com mais 6,5 quilos de cocaína em duas malas.
O Itamaraty acompanha o caso. Não há previsão ainda de quando o caso deverá ser julgado.
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