Covid-19 já matou mais de 1.400 crianças de zero a 11 anos no Brasil e deixou outras milhares com sequelas
Doença está entre as 10 principais causas de morte de crianças e é causa de síndrome que afeta coração e pode matar
Sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
Os casos de morte ou de sequelas graves causadas pela Covid-19 em crianças justificam a necessidade de incluí-las no calendário de vacinação o quanto antes. Isso porque o Brasil soma 1.449 mortes de meninos e meninas de até 11 anos em decorrência do novo coronavírus e mais de 2.400 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) associada à Covid-19, conjunto de sintomas graves que podem levar à morte, desde o início da pandemia, segundo o Ministério da Saúde.
Ainda segundo a pasta, a Covid-19 está entre as dez principais causas de morte de crianças entre cinco e 11 anos no Brasil – atrás apenas dos acidentes de trânsito.
“A vacinação desse público é estratégia importante para reduzir o número de mortes por conta da Covid-19 nessa faixa etária no Brasil, cujos indicadores são mais expressivos do que em outras nações”, descreveu a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em nota publicada nesta sexta (6).
Para a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), “nenhuma morte de crianças é negligenciável”. “É inadmissível testemunhar crianças serem hospitalizadas e falecerem por doenças preveníveis por vacinas”, disse a entidade em pronunciamento divulgado também nesta sexta (6).
Síndrome leva à internação e à morte
Segundo informações do Sivep-Gripe, plataforma do Ministério da Saúde que reúne dados sobre os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 no país, em 2020, 10.356 crianças entre zero e 11 anos foram notificadas com o problema, das quais 722 evoluíram para óbito. Em 2021, o total de notificações subiu ainda mais e atingiu 12.921 ocorrências da síndrome respiratória na mesma faixa etária, com 727 mortes. No total, são 23.277 casos de SRAG por Covid-19 e 1.449 mortes desde o início da epidemia até dezembro de 2021.
Entre as crianças de cinco a 11 anos, houve 2.978 casos de SRAG por Covid-19, resultando em 156 mortes. E em 2021, já foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes, totalizando 6.163 casos e 301 mortes desde o início da epidemia. Esses números representam uma incidência de 29,96 casos e 1,46 óbito a cada 100 mil habitantes nessa faixa etária, segundo o Sivep-Gripe.
A SRAG associada à Covid-19 tem como sintomas tosse, coriza, obstrução nasal, febre e pode evoluir para um quadro de insuficiência grave, que pode exigir internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Inflamação pode levar à falência de órgãos
Já a SIM-P, apesar de ser considerada rara, é potencialmente grave e grande parte dos casos necessita de internação em UTI, por acometer diferentes partes do corpo. Os principais sintomas da síndrome são febre persistente, desconforto gastrointestinal, conjuntivite bilateral não purulenta, sinais de inflamação com muco e comprometimento cardiovascular, como miocardite (inflamação no músculo cardíaco).
Até 27/11/2021, foram notificados no Brasil 2.435 casos suspeitos da SIM-P associada à Covid-19 em crianças e adolescentes de zero a 19 anos. Desses, 1.412 (58%) casos forma confirmados, e 85 evoluíram a óbito, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Em 2020, em todo o país, 64% dos casos de SIM-P em crianças e adolescentes ocorreram entre crianças de um e nove anos de idade. Entre as crianças hospitalizadas, a necessidade de internação em UTI ocorreu em 44,5% dos casos e a letalidade foi de 6%, cerca de cinco vezes superior à relatada nos Estados Unidos, conforme dados de um estudo sobre a síndrome feito pelo próprio Ministério da Saúde.
Ainda em relação aos casos confirmados para SIM-P, em crianças de cinco a 11 anos, 65% apresentaram disfunções cardíacas na evolução do quadro clínico, o que incide em 1,91 caso de SIM-P com acometimento cardíaco a cada 100 mil crianças nesta faixa de idade, segundo informações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI-COVID) do Ministério da Saúde.
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