EFEITO CHINA DERRUBA RECEITA DA CARNE MATO-GROSSENSE EM 57%, EM OUTUBRO
A análise do Imac considera os números publicados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.
Quarta-feira, 10 de novembro de 2021
As exportações mato-grossenses de carne bovina e seus derivados caíram 56,2% em outubro com relação a setembro de 2021, passando de US$ 252,63 milhões para US$ 110,53 milhões. Em comparação com outubro do ano passado, a queda na receita é de 29%, quando foram comercializados US$ 156,52 milhões.
O recuo no embarque da proteína está ligado diretamente aos dois casos do mal da Vaca Louca, registrados em Mato Grosso e Minas Gerais em agosto de ano. Mesmo sendo confirmados como sendo ‘atípicos’, a China suspendeu as compras e há quase 70 dias deixou de fazer negócios, afetando severamente o ritmo e a receita do segmento mato-grossense.
Analisando apenas o comportamento do mercado chinês a retração é quase de 100%. Levantamento do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac) aponta que a perda de receita chega próximo de 90% em outubro no comparativo com a receita de setembro, caindo de US$ 153,49 milhões para US$ 18,13 milhões.
No acumulado do ano, entretanto, o resultado das exportações mato-grossenses em 2021 ainda supera a receita registrada entre janeiro e outubro de 2020. Nos dez primeiros meses deste ano, o comércio internacional de carne bovina e seus derivados movimentou US$ 1,54 bilhão, 12,5% a mais do que no mesmo período de 2020, US$ 1,37 bilhão. Em volume, entretanto, houve queda de 4,6%.
A análise do Imac considera os números publicados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia. Em volumes, as exportações passaram de 45,5 mil toneladas em setembro para 22,3 mil toneladas no último mês, queda de 50% em um mês. Em outubro de 2020, Mato Grosso embarcou 37 mil toneladas, 42% a mais que em outubro deste ano.
De acordo com o diretor de operações do Imac, Bruno de Jesus Andrade, a China passou a ser o principal destino da carne brasileira e a saída repentina do mercado está provocando significativas perdas para o setor, sobretudo para os produtores rurais que são os primeiros a sentir os impactos.
Boletim do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que a arroba do boi gordo em outubro desvalorizou 14,6% em relação a setembro. O preço do bezerro também começa a sentir os impactos da saída da China do mercado. Na primeira semana de novembro o preço médio do bezerro de 12 meses foi de R$ 2.835, 15% a menos que o registrado há um mês, R$ 3.032.
“A suspenção da China reforça uma lição que o Brasil já vivenciou em 2016, quando a Rússia fechou as portas para nossa carne, que é a necessidade de diversificar mercado. Nossa produção é de qualidade e em grande volume, por isso precisamos agregar valor à nossa produção e buscar novos consumidores para ter condições de realocar mercadoria quando um mercado se fechar”, explica Bruno de Jesus Andrade.
Dados preliminares de novembro de 2021 apontam que em apenas três dias úteis, o valor exportado diário está 29,13% inferior ao valor diário observado em novembro de 2020. E sobre o volume, a queda é de 37,21% sobre a média diária registrada em novembro de 2020. Os números são referentes às exportações brasileiras.
DigoresteNews/MTeconômico
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