‘Osso é vendido, e não dado’: diz placa em açougue que vende o produto a R$ 4,00

Em SC o produto é vendido conforme placa de aviso, enquanto em Cuiabá forma se longa fila sob sol de mais de 40 graus por doação


 Sexta-feira, 08 de outubro de 2021 

A alta no preço da carne bovina, o desemprego e a crise causada no período de pandemia mudou o comportamento de consumidores e comerciantes em todo Brasil. Em Florianópolis-SC, o osso do animal é comercializado a R$ 4 o quilo, alternativa encontrada por pequenos comerciantes para driblar a baixa procura pelo alimento.  

Em Cuiabá-MT, longas filas foram flagradas na porta de um açougue onde é doado para a população que enfrenta quilômetros para chegar ao comércio e calor de mais de 40 graus

A carne representa cerca de R$ 283, ou 43% do custo total da cesta básica, que é elaborada com seis quilos de carne, média prevista para suprir as necessidades calóricas de um adulto de acordo com o órgão.  


Queda no consumo

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2020, cada brasileiro consumiu em média 26,4 quilos de carne, o que representa uma queda de quase 14% em relação a 2019. Este foi o menor nível de consumo da proteína desde 1996.  

A reportagem conversou com o dono do mercado e açougue que vende o osso a R$ 4 na capital Catarinense. Ari dos Santos contou que a procura pela carne diminuiu mais de 50% nos últimos meses. "Desde a pandemia, caiu muito o movimento. As pessoas não estão mais comprando a carne aqui", contou.

A venda do osso de boi foi a alternativa para manter a venda de carnes. De acordo com ele, a procura pelo item começou a aumentar há cerca de um ano. Apesar do anúncio da venda, o comerciante disse à reportagem que doa o produto quando uma pessoa necessitada pede doação.


Causas do aumento

Na análise do coordenador do Índice de Custo de Vida (ICV) da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc), Hercílio Fernandes Neto, há dois fatores que justificam o aumento no preço da carne: a alta no valor dos insumos de produção pecuária e a desvalorização do real.

O aumento na exportação de grãos contribuiu para a diminuição da oferta do produto no mercado interno, o que aumentou o custo de produção pecuária. "O preço dos insumos para a criação do gado, do suíno, também aumentou. As mercadorias aumentaram o valor de exportação. Também, a soja subiu muito no mercado internacional. Isso fez com que suba no externo e no interno", explicou

A placa sobre a venda de ossos no estabelecimento que gerou polêmica nesta semana, foi retirada pelo comerciante de Florianópolis após orientação da Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon). No cartaz do açougue constava: “Osso R$ 4,00 Kg. Osso é vendido e não dado”. Segundo o diretor do órgão, Tiago Silva, uma visita no local foi feita na terça-feira (5) e, imediatamente, o cartaz foi desafixado do local.


Nenhum comentário