Mãe de Hang fez ‘tratamento precoce’ antes de morrer de covid e declaração de óbito foi fraudada

Informações enviadas à CPI indicam que o uso de remédios como cloroquina foi feito em uma unidade da Prevent Senior


 Quarta-feira, 22 de setembro de 2021 

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 recebeu o dossiê elaborado por 15 médicos que afirmam ter trabalhado para a operadora de saúde Prevent Senior. O documento aponta que Regina Modesti Hang, mãe do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, teria feito uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra covid, como cloroquina, antes de morrer em decorrência de complicações da doença. Ela ficou internada em um hospital da operadora de saúde Prevent Senior, alvo de investigações da CPI, e teria começado a usar os remédios preventivos durante a internação na unidade da operadora, em São Paulo.

A informação diverge do que foi divulgado por Luciano Hang na época da morte da mãe, aos 82 anos, em fevereiro deste ano. Na ocasião, o empresário fez um vídeo defendendo o chamado "tratamento preventivo" e refletindo sobre o que mais poderia ter feito por sua mãe. Segundo ele, Regina Hang foi levada ao hospital quando já estava com quase 95% do pulmão comprometido. "Ela estava assintomática e quando nós pegamos foi muito tarde. Eu me questiono: será que se eu tivesse feito o tratamento preventivo eu não teria salvado a minha mãe?", questionou.

Regina foi internada em 31 de dezembro do ano passado já com diagnóstico confirmado para covid. De acordo com o prontuário recebido pela comissão, ela teria feito uso dos medicamentos hidroxicloroquina, azitromicina e colchicina ainda no início dos sintomas, no dia 23 de dezembro, antes da internação em um hospital da Prevent Senior. A mãe de Luciano Hang teria recebido ainda ivermectina durante a internação, segundo informações que chegaram à CPI, além da ozonioterapia retal (aplicação de mistura à base de ozônio).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, em novembro do ano passado, uma nota técnica apontando que não há evidências científicas “relacionadas à eficácia desinfetante do ozônio contra o vírus”.

A Prevent Senior informou ao R7 que não pode disponibilizar dados de pacientes nem comentar a respeito do estado de saúde. 

Em vídeos divulgados, Luciano Hang havia informado que sua mãe era cardíaca, tinha sobrepeso, tomava mais de 20 comprimidos por dia e sofria de diabetes e insuficiência renal. "Por isso, baseado nas informações que circulam, a gente pensou: 'não vamos colocar mais remédio nela. Agora, o questionamento que eu faço todos os dias agora. Poxa, e se eu tivesse feito o preventivo? Será que não tinha a salvado?", questionou à época.


A redação tenta contato com Luciano Hang, mas ainda não teve retorno.

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