Bolsonaro comemora apoio do prefeito flagrado em vídeo enchendo o paletó de dinheiro de propina

 Preso, o ex governador de MT, delatou um “mensalinho” no valor de R$ 600 mil, que teriam sido divididos em 12 parcelas de R$ 50 mil.


 Terça-feira, 06 de abril de 2021 

 VÍDEOS DA CENA ABAIXO 

Com a popularidade em baixa, desgastado e em confronto direto com governadores e prefeitos, no pior momento da pandemia, Jair Bolsonar tenta, de todas as formas, mostrar que tem apoio político em todos os cantos do Brasil. No entanto, ele tem perdido os bons e conquistado os mal.

Na noite de domingo (4), Bolsonaro compartilhou, nas redes sociais, um vídeo de uma entrevista do prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB), conhecido por Emanuel Paletó, na qual o prefeito se desmancha em elogios ao presidente e afirma: "Se não fosse Bolsonaro, o Brasil estava quebrado".

A entrevista foi ao site PNB, do ex-senador Antero Paes de Barros.

A euforia do prefeito é tanta que, em um momento, que insinua que se Antero e sua equipe fossem responsáveis pelo marketing do Palácio do Planalto, "Bolsonaro estaria nos braços do povo".

Antes, em outras entrevistas, Pinheiro minimizou declaração de Bolsonaro, segundo a qual haveria muito “mimimi” em relação às mais de 260 mil mortes provocadas pelo vírus no Brasil, na época.

No dia 24 de agosto de 2017, o Brasil parou para assistir a divulgação em rede nacional, de vídeos em que ex-deputados estaduais aparecem recebendo dinheiro em espécie, cujas cenas seriam parte de um esquema de pagamento de propina.

Em um dos vídeos divulgados, o atual prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) aparece enchendo o bolso do paletó de dinheiro. O recurso era para garantir a governabilidade do ex-governador Silval Barbosa, ou seja evotar quaisquer empecilhos na Assembleia Legislativa, ao gestor no Paiaguás, na época. 

Era noite de quinta-feira quando os vídeos vieram à tona, em reportagem exibida pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. Dentre as imagens, está a cena de Emanuel Pinheiro (MDB), hoje prefeito de Cuiabá, guardando maços de dinheiro nos bolsos do paletó, chegando a derrubar alguns dos maços no chão. Obrigando a se abaixar para pegar as notas.

Na época em que o vídeo foi gravado, Emanuel era deputado estadual, mas quando veio à tona já havia sido eleito prefeito da capital. O escândalo do mensalinho dado aos parlamentares pelo ex-governador Silval Barbosa (sem partido), consta em sua delação premiada e resultou na CPI do Paletó, na Câmara de Vereadores de Cuiabá. Que, ao final, após várias estratégias de parlamentares que apoiavam Pinheiro, na Casa de Leis, terminou sem um resultado efetivo, já que o plenário da Câmara rejeitou o relatório que pedia o afastamento do emedebista e a abertura do processo de cassação. 

Mesmo que dentre as oitivas, uma delas, a de Silval Barbosa tenha por pelo menos duas vezes, na Casa de Leis cuiabana, admitido pagar a Pinheiro o 'mensalinho' e ainda tendo afirmado que este 'tipo de acordo' [pagamento de propina em troca de apoio político] já existia na gestão do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que o antecedeu no Palácio Paiaguás. Blairo, claro, nega. Contudo, a confissão do ex-gestor estadual consta em sua delação e, paralelamente, corre ações no Ministério Público Estadual que investiga a denúncia.

Os vídeos foram entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na delação, Silval disse ter firmado acordo com parlamentares para manter sua governabilidade, ter as contas do governo aprovadas, os interesses do Poder Executivo priorizados na Assembleia, além de não ter nenhum dos membros do alto escalão do Estado investigados em Comissão Parlamentar de Inquérito.

Em troca, os deputados teriam recebido uma espécie de “mensalinho” no valor de R$ 600 mil, que teriam sido divididos em 12 parcelas de R$ 50 mil. Os valores eram pagos a partir de retornos de recursos do programa MT Integrado, de incentivos fiscais e das obras relativas à Copa do Mundo de 2014.

Para analistas, ao registrar o apoio do prefeito de Cuiabá, Bolsonaro, quando nada, coloca Emanuel no mesmo balaio em que estão, por exemplo, os deputados federais Nelson Barbudo (PSL), José Medeiros (Podemos) e Emanuel Neto (PTB) - filho do prefeito - e o deputado estadual Gilberto Cattani (PSL), devotos extremos do presidente.






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