Senador Jayme Campos diz que Governo Bolsonaro foi "irresponsável" na pandemia
Senador questionou competência do ministro da Saúde, apontou colapso no sistema e disse que Bolsonaro só antecipa embate eleitoral de 2022
Quarta-feira, 03 de março de 2021
O senador Jayme Campos (DEM) subiu o tom para criticar a postura do presidente Jair Bolsonaro desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil. Ele ainda acusou o Governo Federal de irresponsabilidade e falta de planejamento.
“Acho que houve um descuido por parte das autoridades, sobretudo do Governo Federal, que foi de uma forma, até certo ponto, irresponsável. Não houve nenhum planejamento”, criticou, em entrevista à Rádio CBN Cuiabá.
“O próprio presidente da República sempre contestou, achou que não devia ter distanciamento social, que não tinha que usar máscara, que tinha que tomar Ivermectina e não sei mais o quê. Tudo, menos um tratamento adequado. Deu no que deu”, completou.
Segundo o democrata, se o presidente não dá bons exemplos, o cidadão na rua também não buscará respeitar as autoridades e copiará o seu comportamento.
“O presidente Bolsonaro tinha que dar bons exemplos. Estava tomando banho há poucos dias numa cidade balneário, andando de moto aquática sem máscara. Semana passada estava desfilando de caminhonete e sem máscara”, citou.
O político ressaltou que o sistema de saúde do País, tanto da rede pública quanto privada, está estrangulado e a população caminha para viver, nos próximos dias, uma “crise sem precedentes”.
“Chegamos ao ponto da exaustão. O Governo transformou-se de incompetente para impotente. É inconcebível, em pleno século 21, faltar oxigênio, como aconteceu no Amazonas”, lamentou.
Jayme ainda apontou “irresponsabilidade de grande parcela da sociedade que não está respeitando as orientações médicas para deixar de disseminar o vírus”.
“Tem que haver uma conjugação de esforços entre os governos e, sobretudo, a sociedade civil organizada. O cidadão tem que ter responsabilidade”, disse.
Troca de ministros
Jayme afirmou que a tragédia no País foi, de certa forma, anunciada e ressaltou que a troca de ministros à frente da Pasta de Saúde ajudou para a confusão no planejamento do Brasil no combate à pandemia.
“Lá no início, quando surgiu a pandemia da Covid-19, o ministro [Luiz Henrique] Mandetta já havia rezado a missa. Dizia que tínhamos que respeitar a ciência, que a pandemia não seria resolvida da noite para o dia”, disse.
Segundo o senador, as autoridades não deram atenção ao alerta e preferiram achar que o então ministro queria se autopromover, a fim de sair candidato a algum cargo político no futuro.
“Desrespeitaram todas as regras possíveis, que a ciência já tinha falado e só aqueles menos esclarecidos não entendiam”, criticou.
“Acho que o Governo Federal tinha que preocupar mais nessa pandemia. Houve mudança de três ministros de Estado. Qual planejamento poderia ser formatado nessa insegurança?”, questionou.
Jayme ressaltou a atuação do atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a quem acusou de não ser competente para ocupar o cargo em que está.
“Acho que o Pazuello deve ser um cidadão muito competente, mas na área estratégica e de logística lá do Exército, não para ser ministro da Saúde. Ele tem recebido duras críticas e com razão. Qual o preparo, qual o conhecimento da ciência médica? Ele não tem conhecimento”, criticou.
“Eu acho que ele não estava preparado. Não desmerecendo a capacidade dele, mas para tocar uma área tão importante, precisávamos de um profissional que tivesse conhecimento técnico para isso. Eu não aceitaria um convite desses. Qualquer pessoa com um mínimo de consciência não aceitaria”, completou.
Sem vacina
Para o senador, o país encontra-se em uma situação difícil no momento, tendo demorado demais para adquirir vacinas e com o presidente antecipando o embate eleitoral de 2022 ao “bater de frente” com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Podem falar o que for de João Dória, mas para mim, ele se preocupou com bastante antecedência e ajudou na aquisição dos insumos para produção da vacina através do Instituto Butantan. Temos capacidade de produção, falta investimento”, ressaltou.
Jayme lamentou o ritmo lento de vacinação no país e citou que a Organização Mundial de Saúde já alertou que o Brasil, se continuar nesse ritmo, deve ultrapassar os Estados Unidos em termos de óbitos por Covid-19.
“E lá eles estão avançando com a vacinação, têm estrutura. Aqui, vacinamos 6,7 milhões, nem 2% da população de 215 milhões. Nesse ritmo, quando vamos chegar? Daqui a 20 anos”, disparou.
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