O dia que Janot esteve com a pistola na mão para dar um tiro na cara de Gilmar Mendes

O ex-procurador-geral da República conta que, no ápice da Lava-Jato, foi armado ao STF para matar o ministro: “Ia dar um tiro na cara dele”


  Quarta-feira, 10 de março de 2021  

Em maio de 2017, a Operação Lava-Jato estava atingindo seu ponto mais alto. O ex-presidente Lula teve a primeira audiência com o juiz Sergio Moro no caso do apartamento tríplex, a Presidência de Michel Temer tremeu após a divulgação de um vídeo que mostrava um deputado puxando pelas ruas de São Paulo uma mala cheia de dinheiro e a delação premiada dos donos da JBS disparou ondas de choque devastadoras contra o mundo político. Houve também um quarto episódio, até então desconhecido, que por pouco não mudou radicalmente a história da maior investigação criminal já realizada no país. 

No dia 11 daquele mês, o então procurador-­geral da República, Rodrigo Janot, então chefe da operação em Brasília, foi a uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) decidido a executar o ministro Gilmar Mendes

O plano dele era dar um tiro na cabeça do ministro e depois se matar. A cerca de 2 metros de distância de Mendes, na sala reservada onde os ministros se reúnem antes de iniciar os julgamentos no plenário, Janot sacou uma pistola do coldre que estava escondido sob a beca e a engatilhou.

Mesmo para quem conhece o temperamento mercurial de Rodrigo Janot é difícil imaginá-lo praticando um ato de tamanha loucura. Naquele dia, porém, ele estava transtornado. O procurador-geral e o ministro viviam trocando alfinetadas em público. Gilmar Mendes era e ainda é um dos mais ferrenhos críticos dos métodos utilizados pela força-tarefa da Lava-Jato. 

As divergências chegaram a ponto de um se recusar a pronunciar o nome do outro. O ministro se referia a Janot como bêbado e irresponsável. O ex-procurador costumava chamar Mendes de perverso e dissimulado. Em maio de 2017, o embate começou a entrar em ebulição quando Janot pediu ao STF que impedisse Mendes de atuar em um processo que envolvia o empresário Eike Batista. O procurador alegou que a esposa do ministro, Guiomar Mendes, trabalhava no mesmo escritório de advocacia que defendia Eike. Na sequência, foram publicadas notícias de que a filha de Janot era advogada de empreiteiras envolvidas na Lava-­Jato, o que, por analogia, também colocaria o pai na condição de suspeito. O procurador identificou Mendes como origem da informação e, nesse instante, decidiu matá-lo.

“Ia dar um tiro e me suicidar”, disse Janot em entrevista a VEJA. Era uma revelação surpreendente. O procurador iria lançar na semana seguinte o livro Nada Menos que Tudo, escrito pelos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, em que narra episódios desconhecidos ao longo dos quatro anos em que esteve à frente das investigações do maior escândalo político do país. São histórias que se passam no coração do poder, envolvendo os homens mais poderosos da República e empresários influentes nos momentos mais agudos da operação.

Há casos de comportamentos indecorosos, como o de um pedido de Michel Temer e seus aliados para que o procurador não investigasse o então deputado Eduardo Cunha, e de uma bisonha tentativa de cooptação, quando o então senador Aécio Neves, em meio ao escândalo e já na condição de investigado, teve a desfaçatez de convidar Janot para compor com ele uma chapa a fim de disputar a eleição presidencial de 2018. Há também situações de sabotagem, traição, desconfiança, intrigas e suspeitas entre os próprios membros da força-tarefa.

No livro, o ex-procurador preserva o nome de alguns personagens pilhados em cenas constrangedoras, como o de um ministro do Supremo que, chorando, foi procurá-lo para perguntar se era alvo da investigação. No capítulo em que trata do plano para matar Gilmar Mendes, Janot fala de sua motivação, “insinuações maldosas contra a minha filha”, e resume em seis linhas o fato que poderia ter provocado uma imprevisível reviravolta na Lava-Jato: “num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha. Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”. A identidade da “autoridade” que quase foi morta não foi revelada.

Na entrevista a VEJA, o ex-procurador-geral fala do livro, das pressões, das ameaças e das perseguições que sofreu ao longo da operação e confirma que o alvo de sua “ira cega” era o ministro Gilmar Mendes: “Esse inspetor Javert da humanidade resolveu equilibrar o jogo envolvendo a minha filha indevidamente. Tudo na vida tem limite. Naquele dia, cheguei ao meu limite. Fui armado para o Supremo. Ia dar um tiro na cara dele e depois me suicidaria. Estava movido pela ira. Não havia escrito carta de despedida, não conseguia pensar em mais nada. Também não disse a ninguém o que eu pretendia fazer. Esse ministro costuma chegar atrasado às sessões. Quando cheguei à antessala do plenário, para minha surpresa, ele já estava lá. Não pensei duas vezes. Tirei a minha pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui para cima dele. Mas algo estranho aconteceu. Quando procurei o gatilho, meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo. Nesse momento, eu estava a menos de 2 metros dele. Não erro um tiro nessa distância. Pensei: ‘Isso é um sinal’. Acho que ele nem percebeu que esteve perto da morte. Depois disso, chamei meu secretário executivo, disse que não estava passando bem e fui embora. Não sei o que aconteceria se tivesse matado esse porta-­voz da iniquidade. Apenas sei que, na sequência, me mataria”.

De todos os investigados na Lava-Jato, Janot atribui ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha o epíteto de “o pior dos criminosos”. O ex-procurador-­geral diz guardar “depoimentos assombrosos” dos métodos de intimidação de Cunha e também suspeita que ele esteja por trás do arrombamento de sua casa, em 2015. O parlamentar foi afastado do cargo de deputado federal em maio de 2016, a pedido de Janot, e depois condenado e preso

“Se não fosse a Operação Lava-­Jato, talvez Eduardo Cunha fosse hoje presidente da República. Faço uma constatação de que o então presidente da Câmara, com a força extraordinária que tinha, com uma base de 150 a 170 deputados e com um sistema abastecendo-o de dinheiro de corrupção, teria grandes chances de ser eleito presidente. Eu não faço a avaliação de quem seria o melhor e de quem seria o pior, mas o Bolsonaro é um produto da queda do próprio Cunha. No início de 2015, minha casa foi invadida e só levaram um controle remoto do portão. Era um recado, uma ameaça. Pelo cheiro, suspeito que foi obra do Eduardo Cunha. Não há evidência. É pelo cheiro mesmo.” 

Com o cerco se fechando sobre os políticos, Janot relata ter recebido vários “agrados” — de convites para renovar o mandato de procurador a uma vaga de ministro do STF. A mais inusitada oferta, no entanto, partiu do então senador Aécio Neves, investigado por recebimento de propina

“Certo dia, em 2017, meu conterrâneo, o senador Aécio, sentiu que o clima estava aquecendo com as investigações sobre a Odebrecht e me convidou para ser ministro da Justiça quando ele fosse eleito presidente da República no ano seguinte. Eu, é claro, declinei. Dias depois, ele voltou e me fez outra proposta: ‘Quero pedir desculpa. O convite não estava à sua altura. Eu acho que você podia ser o meu vice-­presidente. Você escolhe qualquer partido da base, filia-se e vai ser o meu vice-presidente. Isso vai ser um fato mundial. O vice-presidente chama embaixadores, representantes de Estado e ele vai para a cozinha cozinhar para essas pessoas. Eu sei que você gosta de cozinhar’. É óbvio que era uma tentativa de cooptação. As investigações da Odebrecht estavam andando e depois o caso JBS foi o tiro de misericórdia contra ele. Houve uma situação semelhante quando Michel Temer assumiu a Presidência da República. O ex-­ministro Eliseu Padilha me sondou para que eu partisse para um terceiro mandato como procurador-geral da República. Depois fui sondado para ser ministro do Supremo. Na sequência, Gustavo Rocha (ex-­subchefe de Assuntos Jurídicos e ex-­ministro dos Direitos Humanos) me ofereceu o cargo que eu quisesse. Eu brinquei que queria ser embaixador do Brasil na Comunidade de Países de Língua Portuguesa, porque eu moraria em Lisboa, não faria nada e seria como a rainha da Inglaterra. O Gustavo Rocha disse na hora: ‘O cargo é seu, é seu’. Mas eu estava brincando.” 

As desavenças entre Rodrigo Janot e Gilmar Mendes se intensificaram diante de rumores que surgiram durante as apurações da Lava-Jato sobre o envolvimento de ministros do STF com alguns dos investigados. Janot confirma que delatores fizeram insinuações nesse sentido mas nunca apresentaram uma evidência concreta

“Na primeira vez em que o ex-ministro Antonio Palocci tentou fechar uma delação com a gente, disse que iria entregar cinco ministros do STF. Ele citou a Rosa Weber, o Luiz Fux, o Fachin, mas era igual a biscoito de polvilho, só fazia barulho. Da Rosa Weber ele disse apenas que o marido dela era amigo do ex-marido da Dilma. Disse também que o Fux ia matar no peito e inocentar os petistas no julgamento do mensalão. Do Fachin, dizia que tinha amizade com não sei quem. Tudo bobagem. Foi nessa mesma época que um ministro do Supremo me procurou para saber se ele estava sendo investigado. Com lágrimas nos olhos, disse que a mãe dele não suportaria vê-lo na condição de investigado. Não tinha fundamento nenhum. Também houve o episódio em que suspendi as negociações de delação do Léo Pinheiro (ex-presidente da empreiteira OAS) porque o nível de informação que ele disse que traria nunca chegoou.

Era igual ao Palocci. Ele citava uma conversa que teve com o Toffoli numa festa, sobre um problema de vazamento no teto da casa do ministro. Disse que indicou duas ou três empresas para que o Toffoli fizesse o serviço na casa. Perguntei a ele: ‘Alguma dessas empresas era ligada a você?’ ‘Não.’ ‘Vocês pagaram esse serviço?’ ‘Não.’ Então o que tem isso a ver? Não tinha fato típico. Não tinha nada.”

O ex-procurador-geral relata ter recebido, em março de 2016, pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff, um convite para um encontro com o vice-presidente Michel Temer. No Palácio do Jaburu, além do vice, estava o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves, que, sem meias palavras e com o aval de Temer, pediu a ele que poupasse o então deputado Eduardo Cunha de qualquer investigação

“Pouco antes do início do processo de impeachment da Dilma, recebi um convite para ir ao Jaburu encontrar o vice-presidente. Lá, ele (Temer), depois de um pequeno rodeio, falou assim: ‘Estamos aqui para conversar não com o procurador-geral, mas com o patriota’. E entra o Henrique Eduardo Alves e reafirma: ‘Estamos aqui falando com o patriota e queríamos chamar o senhor para não permitir que o Brasil entre numa ‘situação de risco’. Esse homem é um louco. O senhor tem de parar essa investigação’. O louco era o deputado Eduardo Cunha. Custei a acreditar que estava ouvindo aquilo e disse que aquela conversa estava errada. Diante da minha reação, Temer ainda insistiu: ‘O Henrique não está falando com o procurador-geral, ele está falando a um patriota. Não há gravidade na proposta que ele está fazendo’. Eles queriam que eu praticasse um crime, o de prevaricação. Falei alguns palavrões indizíveis antes de ir embora. A reunião foi testemunhada pelo Zé Eduardo (José Eduardo Cardozo, então ministro da Justiça... 

Era de responsabilidade de Rodrigo Janot a investigação dos políticos com direito a foro privilegiado — deputados, senadores, presidentes e até ex-presidentes da República. Como procurador-geral, ele denunciou Michel Temer, Dilma Rousseff, Lula e Fernando Collor — todos, segundo ele, envolvidos no escândalo de corrupção, embora em graus diferentes

“É impossível que o Lula não fosse um dos chefes de todo esse esquema. Não tenho dúvida de que ele é corrupto. Da mesma forma que não tenho nenhuma dúvida de que a Dilma não é corrupta. Mas ela tentou atrapalhar as investigações com a história de nomear o Lula como ministro da Casa Civil. A obstrução de Justiça aconteceu, tanto que eu a denunciei. Até agora não surgiu nenhuma prova que envolva a ex-presidente com corrupção. Temer, sim, é corrupto. Corrupto filmado, fotografado e gravado. No caso da JBS, teve até malinha correndo em São Paulo por ação controlada autorizada pelo Judiciário. Não tem como esconder que aquilo existiu. No caso do Sarney, não dá para dizer categoricamente que o ex-­presidente é corrupto, porque não consegui denunciá-lo, apesar dos áudios em que aparece discutindo, de forma velada, repasses de dinheiro. O Collor é um caso a parte"...

Fernando Collor foi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro em 2015. O senador foi apanhado na primeira leva de políticos flagrados embolsando dinheiro desviado da Petrobras. Meses depois da denúncia, Janot passaria pela sabatina no Senado que o reconduziria ao cargo. Collor estava na primeira fila

“Esse cara virou a minha vida do avesso. Ele levantou o histórico de um imóvel meu para ver possíveis inconsistências no imposto de renda, levantou antigos problemas de um irmão meu, já falecido, com a Justiça, procurou vícios em contratações na PGR em busca de irregularidades. O investigado investigou o investigador completamente. Para tentar me constranger, ele avisou antes que se sentaria na primeira cadeira durante a sabatina e minha segurança advertiu que ele poderia ir armado. Ainda brinquei: ‘Se for igual ao pai, pode deixar que ele vai errar o tiro’ (nos anos 60, o senador Arnon de Mello, pai de Collor, disparou contra o senador Silvestre Péricles, seu adversário político, mas errou o alvo e acabou matando outro senador, José Kairala). Mas quem é que daria um baculejo no Collor? Adverti o então presidente do Senado, Renan Calheiros, de que a minha segurança estava sob responsabilidade dele. Na hora da sabatina, Collor se sentou na minha frente, como prometera, e ficou repetindo ‘f.d.p., vou te pegar, f.d.p., vou te pegar’. Era uma tentativa de me intimidar. A participação dele no esquema da Lava-Jato deixou muitas impressões digitais. Ele é um corrupto com certeza.” 

Desde que o site The Intercept Brasil divulgou as primeiras mensagens captadas ilegalmente dos celulares dos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, travou-se um debate sobre o grau de isenção dos investigadores e do então juiz Sergio Moro. Janot diz que até desconfiou das intenções de alguns colegas, mas que elas não chegaram a contaminar o trabalho

“No início da operação, a força-­tarefa de Curitiba pediu que eu delegasse a ela o direito de fechar as primeiras colaborações premiadas. Deleguei e me arrependi. As delações do Paulo Roberto Costa e do Alberto Youssef estavam muito rasas. O primeiro inquérito contra o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também estava muito ruim. Questionei a respeito. Recebi como resposta que o objetivo deles era ‘horizontalizar as investigações, e não vertticalizar’. Achei estranho. Determinadas decisões poderiam estar sendo tomadas com objetivos políticos? Os procuradores decidiram, por exemplo, denunciar o ex-presidente Lula por corrupção e lavagem de dinheiro e, no caso da lavagem, utilizaram como embasamento parte de uma investigação minha, que eu nem tinha concluído ainda. Mas não houve nenhum complô político. Depois que o Sergio Moro aceitou o convite para assumir o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro, voltei a refletir sobre o assunto. Como juiz, ele fez um trabalho técnico, benfeito. Até agora, do que apareceu dessas conversas do The Intercept, no máximo pode haver algum questionamento de caráter ético na condução do processo, algum questionamento sobre imparcialidade. Mas tecnicamente não vi nenhuma contaminação de provas.” 

Comandar a Lava-Jato, para o ex-procurador, representou algo que ele compara a uma visita ao “inferno”. Janot conta que, desde o início da operação, recebeu ameaças, recados velados e pressões para para paralisar as investigações

“A partir de 2014, posso dizer que minha vida virou um inferno. As pressões eram constantes, num jogo muito bruto e sujo. Se eu estivesse investigando o PCC, poderia receber uma ameaça de morte direta a mim ou a minha família. A ameaça do mundo político é diferente, é velada. Primeiro vem a tentativa de cooptação, uma insinuação de cargo. Recebi várias ofertas, como já disse. Se isso não dá certo, começam a vir os recados, como o do Temer, apelando para o ‘patriotismo’. Se isso também não funciona, vem o peixe embrulhado no jornal (sinal de jura de morte da máfia). Eles sabem da sua rotina, mandam mensagens cifradas. É quase sempre assim. Ameaça física de verdade eu recebi umas três, inclusive uma em que o sujeito me xingava de traidor. Esse sujeito, que chegou a ser preso, me abordou na rua, na saída de um restaurante aqui em Brasília, e tentou me agredir. Por tudo isso, depois de deixar a procuradoria, passei uma temporada fora do Brasil. Não tenho medo de morrer, mas tenho medo da agressão, o que pode terminar em tragédia. Desde o episódio do Supremo, parei de andar armado.” 

Rodrigo Janot diz que suas decisões na Lava-Jato passarão por um julgamento histórico daqui a quatro ou cinco décadas. Por isso decidiu deixar um registro pessoal dos quatro anos em que esteve à frente da procuradoria e no comando da investigação do maior esquema de corrupção do país

“Tudo o que a gente está passando aqui vai ter invariavelmente um julgamento histórico, no qual vão ser apontados erros e acertos. A maioria das pessoas não terá vivido este momento e receberá informações de segunda, terceira mão, que podem ser deturpadas. A minha ideia é deixar um relato para que as pessoas julguem as decisões que tomei ou pelo menos levem em consideração os meus argumentos. A Lava-Jato foi uma das mais bem-sucedidas investigações já realizadas no mundo. Neste momento, acho que não só no Brasil, mas em vários países da América Latina, se apresenta uma contramarcha no combate à corrupção. É preciso resiliência para não perder essa luta.” 



Digoreste News, com VEJA

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