Twitter põe alerta em post de Bolsonaro após ele mentir sobre tratamento precoce da covid.

Que feio para um presidente

 Sexta-feira, 15 de janeiro de 2021 

O Twitter colocou uma marcação de "informação enganosa e potencialmente prejudicial" em um post do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o tratamento precoce da covid-19. 

Segundo a rede social, a mensagem viola as regras da plataforma. 

Na mensagem publicada por Bolsonaro, ele diz que estudos clínicos demonstram que o tratamento precoce da covid, com antimaláricos, "podem reduzir a progressão da doença". Os antimaláricos são medicamentos para tratar a malária, sendo hidroxicloroquina e cloroquina as principais substâncias incluídas nessa categoria. 

Desde o início da pandemia, o presidente vem defendendo o uso da cloroquina para o tratamento da covid-19, mas não há comprovação científica de sua eficácia. Bolsonaro também questionou, em diversas ocasiões, os possíveis efeitos colaterais da vacina e a gravidade da pandemia, além de ser contra medidas restritivas para evitar a contaminação pelo vírus.


Na mensagem, Bolsonaro também compartilha um vídeo do jornalista Alexandre Garcia falando sobre um estudo publicado em agosto para justificar o uso de remédios sem eficácia comprovada como tratamento precoce para covid-19.

Na gravação, Alexandre Garcia, que atua como comentarista na CNN Brasil, diz, sem apresentar provas, que o tratamento precoce é "o que mais está salvando vidas no Brasil". O jornalista é um apoiador de Jair Bolsonaro e já chegou a defender a cloroquina em um seminário na Funag (Fundação Alexandre de Gusmão) — a fundação, ligada ao Itamaraty, já teve vídeo removido do YouTube por disseminar fake news. 

O estudo foi originalmente publicado no site da revista em 6 de agosto e, desde então, diversos outros estudos já apontaram a ineficácia do uso de medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina e outros. 

O artigo, inclusive, não é um estudo clínico randomizado de duplo-cego no qual se analisa a eficácia de um tratamento em comparação com um grupo controle. Por isso, não comprova nada, apenas apresenta argumentos com base em experiências ambulatoriais que justificariam o uso de determinados medicamentos. 

O próprio artigo traz em seu resumo que, na época, não havia estudos clínicos sobre o tratamento para covid-19. "Na ausência de resultados de ensaios clínicos, os médicos devem usar o que foi aprendido sobre a fisiopatologia da infecção por SARS-CoV-2 para determinar o tratamento ambulatorial precoce da doença com o objetivo de prevenir hospitalização ou morte."




Nenhum comentário