177 Mil mortes, e Pazuello diz que comprará mais vacinas "só se houver demanda"
No RJ, uma paciente morreu após esperar 12 dias por um leito de UTI, e Pazuello ainda não sabe se há demanda para a vacina.
Terça-feira, 08 de Dezembro de 2020
Foi bem direta a pergunta do governador João Doria (PSDB) ao general-ministro da Saúde na reunião de hoje: "O governo federal vai comprar a vacina CoronaVac? Sim ou não?". Eduardo Pazuello tergiversou, disse que todos os imunizantes aprovados serão comprados, mas acrescentou uma ressalva inacreditável: "Se houver demanda".
Sim, no país que tem 177 mil mortos por coronavirus, mais de 6,6 milhões casos e que experimenta o recrudescimento da pandemia, o militar tido como gênio da logística e que ocupa a pasta mais importante do governo ainda duvida se há demanda para vacinas no país.
Talvez por isso ainda não tenha apresentado planejamento consistente para uma futura campanha de imunização. Ou também por isso não se mexeu para comprar insumos necessários para a vacinação, como seringas e agulhas.
Providências que países vizinhos da América Latina já tomaram, pois estão prestes a imunizar suas populações. No Rio de Janeiro, a ocupação das UTIs para tratar covid-19 chega a 100% e uma paciente, Dilma Miranda, morreu depois de esperar 12 dias por um leito de tratamento intensivo. Mas Pazuello ainda não sabe se há demanda para a vacina.
Dono de uma tranquilidade que a maioria dos brasileiros não tem nesse agravamento da pandemia, o ministro estima em nada menos que dois meses o tempo necessário para que qualquer das vacinas seja aprovada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Pazuello e os militares da agência não demonstram interesse em imprimir urgência a esse processo.
Talvez porque compartilhem do pensamento fatalista de Jair Bolsonaro: "Todo mundo vai morrer um dia". Ajudante de ordens do presidente, o general-ministro obedeceu o chefe e não duvidou que haveria demanda para a hidroxicloquina contra o coronavirus, apesar de todos os cientistas repetirem que é inócua para esse fim.
Por isso, o governo tem em estoque cloroquina suficiente para os próximos 18 anos. Depois de todas as barbeiragens e omissões no combate à pandemia, nem mesmo quando a ciência fez a parte mais difícil e criou uma vacina em tão pouco tempo, o presidente Bolsonaro e seu ministro da Saúde nos deixam comemorar. Como se vê, em plena pandemia, é grande a demanda por juízo no Palácio do Planalto.
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