Bolsonaro é rejeitado por 46% dos moradores de São Paulo

 Pesquisa confirma dificuldades que ambos os líderes têm para transferir voto na capital paulista

Duas das principais figuras nacionais envolvidas na eleição municipal de São Paulo registram rejeição significativa por parte do eleitorado.

Segundo pesquisa do Datafolha, 46% dos paulistanos consideram o trabalho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ruim ou péssimo. Já o governo estadual paulista sob João Doria (PSDB) é reprovado pro 39% dos ouvidos.

O instituto entrevistou 1.092 pessoas em 21 e 22 de setembro, de forma presencial. A margem de erro é de três pontos percentuais.

O mesmo levantamento já havia mostrado que ambos os políticos não são padrinhos muito eficientes para os candidatos associados a eles na capital, o prefeito Bruno Covas (PSDB) no caso de Doria e o deputado Celso Russomanno (Republicanos), no de Bolsonaro.


Entre os que avaliam o governo de Jair Bolsonaro como ótimo/bom

Entre os que avaliam o governo de Jair Bolsonaro como ruim/péssimo

A aprovação ao presidente na cidade é de 29%, enquanto um contingente igual o considera regular. Não souberam responder 2%

Não é possível fazer uma comparação direta por serem pesquisas diferentes, mas o dado sugere que a cidade é mais refratária que o resto do país ao presidente. Em pesquisa feita em agosto, Bolsonaro tinha 37% de aprovação e 34% de reprovação no país todo.

Aprovam mais o presidente 39% dos paulistanos com idade superior a 60 anos, 43% dos mais ricos (acima de 10 salários mínimos) e os evangélicos (40%) —nicho em que Russomanno tem intenção de voto semelhante, 37%, segundo a mesma pesquisa.

Já a rejeição a Bolsonaro é mais acentuada entre mulheres (50%), jovens (54% entre quem tem de 16 a 24 anos e 55% dos entre 25 e 34 anos). No corte étnico, 59% dos pretos acham o presidente ruim ou péssimo.

A pesquisa mostrou que, na capital paulista, o auxílio emergencial não afetou a popularidade do presidente. Ela é semelhante entre quem ganhou e quem não recebeu os R$ 600, agora reduzidos a R$ 300 mensais na pandemia.

Bolsonaro estava evitando participar do primeiro turno das eleições no país, até porque não tem um partido —deixou o PSL pelo qual se elegeu ano passado e não se esforçou muito para montar a chamada Aliança pelo Brasil.

Assim, poderia evitar desgastes maiores e emprestar apoios pontuais mais discretos. Mas resolveu entrar em São Paulo, incentivando Russomanno a tentar pela terceira vez a prefeitura, após ver o adensamento de forças de centro em torno de Covas como um ensaio para 2022.

Doria, que foi eleito com Covas na vice em 2016, e deixou a prefeitura para o tucano quando concorreu ao governo do estado em 2018, tem no atual prefeito o candidato orgânico ligado a seu nome.

O governador tem uma aprovação baixa na cidade, apenas de 21%, que empata com a de Covas (25%) na margem de erro do levantamento.

Acham seu governo regular 39%, um número dez pontos superior ao do presidente.

Sua gestão é mais bem aprovada na zona oeste da capital (22%), entre quem ganha entre 5 e 10 salários mínimos (33%) e entre aqueles que aprovam o governo de Covas (52% de ótimo e bom).

Já rejeitam mais o tucano os moradores do centro (43%) e da zona leste (40%). O governador é considerado ruim ou péssimo por 52% dos mais abastados (acima de 10 salários mínimos).

O desgaste de Doria, que já havia sido derrotado na capital pelo então governador Márcio França (PSB) na disputa de 2018, ainda reflete sua decisão de deixar a prefeitura com 1 ano e 3 meses no cargo, na avaliação de seu entorno.

Isso gera um dilema acerca de seu plano de deixar o Palácio dos Bandeirantes para enfrentar Bolsonaro daqui a dois anos. O tucano aliou-se brevemente ao então candidato para surfar a onda bolsonarista no segundo turno de 2018, mas afastou-se ao ponto do rompimento ao longo de 2019.

Além disso, há também a pandemia. Bolsonaro, segundo o Datafolha, foi relativamente bem sucedido em evitar a associação de suas políticas negacionistas com as mortes no país. Já governadores viram sua aprovação no manejo da crise cair ao longo dos meses.

Os rivais também têm em comum a dificuldade entre o eleitorado mais jovem da cidade. No grupo inicial da pesquisa, de 16 a 24 anos, o tucano só tem 15% de aprovação, índice semelhante ao do presidente (12%).

A pesquisa foi encomendada pela Folha e foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo sob o número 06594/2020.



FolhaUol

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