Novas descobertas de dinossauros no município de Chapada dos Guimarães
Descoberta é importante para valorização do Patrimônio Geológico e Paleontológico do estado de MT
Um estudo que apresenta novas descobertas de fósseis de dinossauros saurópodes, grandes herbívoros que viveram em Chapada dos Guimarães, foi publicado na revista Journal of South American Earth Science. Os fósseis encontrados pertenciam a dinossauros conhecidos como titanossauros, encontrados no Período Cretáceo principalmente em massas continentais do Hemisfério Sul. O trabalho foi desenvolvido através de uma parceria que envolveu paleontólogos, pesquisadores e colaboradores da Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Museu Estadual de História Natural - Casa Dom Aquino.
Caiubi Kuhn, geólogo e professor da UFMT, explica como era o clima e o ambiente em que viveram esses gigantes “O clima na região era semi-árido, o ambiente era formado por leques aluviais, que é um sistema deposicional formado por rios que ao longo do tempo migram lateralmente em forma de leque. Há 84 milhões de anos, existiu um vulcanismo em Chapada dos Guimarães, as rochas que guardam esses fósseis foram depositadas sobre essas rochas vulcânicas, por isso podemos dizer que esses animais possuem idade entre 84 e 65 milhões de anos, quando ocorreu a extinção dos dinossauros”.
Para o Prof. Dr. Roberto Candeiro (UFG), este estudo permitiu conhecer pela primeira vez na região de Jangada Roncador, em Chapada dos Guimarães, materiais destes titãs de tamanhos diferentes que habitaram uma região hoje conhecida como fronteira para a compreensão da evolução dos dinossauros da América do Sul, já que foram encontrados em uma bacia geológica emblemática e que tem revelado novos conhecimentos da paleontologia e geologia do centro da América do Sul.
Conforme a pesquisadora Lívia Motta Gil (UFG) que realizou seus estudos de mestrado com os materiais da região, relata que um dos pontos mais interessantes é o fato de existir uma variação na morfologia entre as espécies que foram descritas, o que indica a existência de pelo menos dois indivíduos diferentes para o local de estudo. E comenta que com essas novas descobertas e com as informações que já eram conhecidas para a região, é possível dizer que o Centro-Oeste brasileiro foi habitado por pelo menos quatro tipos diferentes de titanossauros. Revelando que existia uma alta diversidade desses animais para o local, durante o Cretáceo.
Já o pesquisador Ailton Souza, pioneiro nas pesquisas de dinossauros junto com o prof. Caiubi e com a pesquisadora Suzana Hirooka, afirma que durante as coletas de campo foi possível observar uma grande concentração fossilífera no local, mostrando que a região tem um grande potencial para novas pesquisas paleontológicas.
Para a Professora Rosilaine Rodrigues, da Escola Santa Helena, situada na região em que a pesquisa foi realizada “o trabalho de paleontologia que vem sendo desenvolvido na comunidade, tem demonstrado grande relevância para os moradores, em especial, aos alunos que estão tendo a oportunidade de participarem de projetos e oficinas, além de valorizar a região e criar possibilidades para desenvolvimento da ciência e do turismo”.
O estudo foi baseado em visitas ao Museu Estadual de História Natural - Casa Dom Aquino, em Cuiabá, local que está situada a coleção, tendo algumas peças na exposição permanente do Museu. Também foram levados a cabo trabalhos de campo e descrições de materiais realizados no Laboratório de Paleontologia e Evolução/UFG. A curadora do museu Suzana Hirooka, ressalta que “a coleção de fósseis de dinossauros é proveniente de trabalhos de pesquisa do Museu, que envolveu excursões e entrevistas com moradores, ao longo de mais de 10 anos, e o resultado permitiu proporcionar avanços científicos e a popularização da ciência na região”.
Os resultados da pesquisa permitiram que os cientistas envolvidos no estudo confirmassem teorias sobre a distribuição dos saurópodes para a região que hoje é o centro da América do Sul. A descoberta é importante para a valorização do Patrimônio Geológico e Paleontológico da comunidade Jangada e do estado do Mato Grosso.
Confira a publicação na íntegra no Journal of South American Earth Science:
FONTE: RADHARANI KUHN - ASSESSORIA DE IMPRENSA
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