Criação de Santuário de Elefante regenera fazenda no Cerrado em MT

A poucos quilômetros da Capital, Cuiabá, está o único espaço de conservação de elefantes na América Latina


Uma antiga fazenda de criação de gado na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, hoje representa um ponto de regeneração da fauna e flora. A propriedade rural de 1.140 hectares, o equivalente a sete parques Ibirapuera, abriga o Santuário de Elefantes Brasil, o SEB, único espaço de conservação de elefantes na América Latina.

Para a fazenda são encaminhados animais vítimas de maus-tratos ao longo da vida. Desde outubro de 2016, cinco elefantas asiáticas chegaram ao SEB. No local, antes usado para pastagem, o verde se faz mais presente nos últimos três anos.

Uma avaliação feita pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso apontou que as áreas do santuário estão em plena regeneração e recomposição. Segundo a pasta, com a volta da vegetação típica do cerrado, a oferta de alimentos aumenta e atrai diversos tipos de animais que antes não eram observados na região, como perdizes e antas.

Presidente do SEB, o americano Scott Blais afirma que a regeneração da área era esperada. “Estamos observando um rápido rejuvenescimento da flora do cerrado em Chapada dos Guimarães”, relata Scott. Um dos impactos significativos, segundo ele, é o aumento do controle da erosão na área. “Isso é muito benéfico, porque promove maior estabilidade do solo”.

O americano atuou por mais de 15 anos em um santuário de elefantes no estado americano Tennessee, onde também observou intensa regeneração da natureza. “Mas não tão rapidamente como tem acontecido em Mato Grosso”, ressalta

Três elefantas asiáticas vivem atualmente no santuário de Chapada dos Guimarães. Das cinco que chegaram ao local, duas delas não resistiram, em razão das dificuldades de saúde trazidas ao longo das décadas de exploração -Guida morreu em junho deste ano, quase três anos após chegar ao local, e Ramba morreu na semana passada, dois meses após se mudar para o santuário.

As elefantas asiáticas têm, atualmente, 29 hectares da fazenda para si -deve chegar a 80 nos próximos anos. Nas áreas onde os animais transitam, segundo Scott, a recuperação da natureza fica mais evidente. “Dentro do habitat, há maiores indicações da presença da fauna local”, diz.

Segundo ele, o esterco de elefante faz com que muitas sementes brotem e forneçam alimentos para pequenos mamíferos. “Além disso, os elefantes tendem a pastar em torno das pilhas de esterco, o que promove o crescimento vegetativo denso, que protege pequenas árvores e uma variedade de vegetais consumidos pela fauna local e pelos próprios elefantes”.

Para Scott, a regeneração da natureza do local é uma forma de mostrar a importância do santuário na regiam. Porém, somente daqui a alguns anos, diz, será possível fazer um estudo aprofundado para dimensionar os benefícios trazidos pelo SEB.

Uma situação recorrente, segundo Scott, é ver diversas pessoas, incluindo especialistas em animais, se mostrarem receosos com a presença de elefantes asiáticos e africanos no cerrado, por não ser considerado o habitat natural deles. “Penso que isso (a regeneração da natureza em Chapada) seja uma prova dos benefícios que o santuário traz para essa região”, diz Scott.

O lugar, que não é aberto ao público para evitar incômodo aos animais, sobrevive por meio de doações de pessoas físicas e empresas – entre as principais fonte de recursos estão entidades internacionais que atuam na causa animal. Em 2020, novos animais devem chegar ao SEB e terá início a construção de um espaço para elefantas africanas.





Digoreste News com Vinicius Lemos via FolhaPress

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