Comunidades ficam ilhadas na BR 174, no MT - Trecho possui 129 pontes

Com excesso de chuvas, estrada ficou intransitável no noroeste do estado



Quem depende da BR-174 na região noroeste de Mato Grosso, mais uma vez vive uma situação difícil. O excesso de chuvas e a falta de infraestrutura da estrada deixaram-na intransitável. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o tráfego está completamente bloqueado na altura do quilômetro 850, entre os municípios de Castanheira e Juruena. 

O rio Vermelho alagou a pista, comprometendo o tráfego – hoje proibido pelo órgão federal. A pista só será liberada depois que o nível da água baixar e uma inspeção for feita pelo DNIT. Até lá, a orientação é para que os motoristas aguardem em locais onde haja apoio. 

Ainda esta semana, o DNIT deve publicar uma portaria definindo as restrições de peso e tipos de carga permitidos na BR-174.

Os problemas envolvendo as péssimas condições BR-174 em períodos chuvosos são recorrentes na região, deixando comunidades ilhadas e produtores com prejuízos. 

“Aberta” há cerca de 4 décadas, a estrada “ainda não foi efetivamente implantada, encontrando-se em leito natural”, segundo o DNIT, hoje responsável pela gestão da rodovia. São aproximadamente 275 quilômetros “de chão” entre Castanheira e Colniza, mas os pontos mais críticos ficam no trecho entre Castanheira e Juruena. Neste trajeto há muito transporte de madeira e gado, cargas pesadas que ajudam a comprometer ainda mais a estrada já problemática. 

Além da água do rio Vermelho encobrir e até destruir pontes de madeira, os atoleiros decorrentes do excesso de chuvas e do tráfego pesado em pistas de terra, também são frequentes.

Sem ter como percorrer a estrada, moradores que dependem da BR-174 “perdem” o direito de ir e vir. Mesmo diante do perigo, alguns motoristas se arriscam para conseguir seguir viagem…
“mergulhando” (literalmente) caminhões, caminhonetes e/ou outros veículos na água que encobre a pista. 

Mas nem sempre dá certo. Um dos caminhões do laticínio Casterleite, por exemplo, foi “engolido” pela água e teve o motor fundido. Prejuízo de R$ 25 mil, conforme relatou ao Blog o proprietário da indústria, Lenoir Maria. Com sede em Castanheira, a empresa já registra queda na captação diária, que normalmente gira entre 65 e 70 mil litros. A qualidade do produto que consegue chegar no laticínio também fica ameaçada.

Na pecuária de corte, também há impactos. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Juruena, Marcos Belizário Rodrigues, o frigorífico instalado na cidade (com capacidade para abater 800 animais/dia) precisou suspender os abates. Foram 3 dias com as atividades paralisadas por falta de matéria-prima, que não chegava ao destino. Nesta terça-feira, 07, os abates foram retomados. Porém, ainda há dúvidas sobre o futuro do escoamento da carne produzida da indústria.


O que diz o DNIT

Em nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes informou que a BR-174 “é uma rodovia rural não pavimentada, que foi federalizada em dezembro de 2014” e que a pavimentação entre Castanheira a Colniza “está prevista por meio do convênio 143/2013, firmado com a Secretaria de Estado de Infraestrutura de Mato Grosso”, com previsão de investimento em torno de “R$ 685 milhões, do km 815 ao km 1137”. 

Ainda segundo o DNIT, “para a evolução do empreendimento, é necessária a aprovação dos estudos ambientais e de componentes indígenas por parte da Funai e da Sema” e que até lá “não é possível apontar uma data” para que o projeto saia do papel.


A nota diz ainda que o DNIT possui contratos de manutenção na região e que “de setembro até agora, foram realizados patrolamento, encascalhamento e restauração de pontes de Castanheira a Colniza”. A estrada conta com 129 pontes, sendo duas de concreto e o restante de madeira. “Atualmente, são três contratos de manutenção na região que cobrem uma extensão de 363,70 km. 

O DNIT está com sete frentes de serviço na rodovia. A atuação foca na recuperação dos pontos críticos da rodovia e na recuperação das estruturas das pontes de madeira que se encontravam mais desgastadas, visando garantir a trafegabilidade”, conclui a nota.





Redação Digoreste News/Canal Rural






Nenhum comentário