Cresce onda de violência e ataques na Bahia com paralisação da Polícia

Após poucas horas de paralisação da PM, estado governado pelo PT já registrava crescente onda de violência e ataques


Na primeira madrugada após a greve parcial de policiais militares na Bahia, foram registrados arrombamentos a estabelecimentos comerciais em alguns bairros da periferia de Salvador, além de tiros contra vidraças de bancos e ônibus. O governo da Bahia nega a paralisação.

No bairro de Cosme de Farias, 31 pessoas foram presas por policiais militares durante tentativas de furto a dois estabelecimentos. Segundo informações da SSP (Secretaria da Segurança Pública), o grupo tentava levar mercadorias de uma loja de calçados e de um mercado.

Na avenida Lima e Silva, principal via do bairro da Liberdade, criminosos arrombaram uma loja de vestuário e roubaram peças de roupas. Já na Estrada das Barreiras, os alvos dos ladrões foram a loja de eletrodomésticos Top Móveis e a farmácia Preço Popular.

No bairro Caminho de Areia, uma agência bancária da Caixa Econômica Federal teve as vidraças quebradas por vândalos. Já no bairro da Calçada, a agência do Santander foi alvo de tiros. Os caixas eletrônicos de nenhum dos dois estabelecimentos foram roubados.


Por meio de nota, a SSP da Bahia informou que a Polícia Civil já iniciou as investigações sobre os ataques a estabelecimentos comerciais na capital baiana. O texto diz que já foram solicitadas perícias nas munições encontradas e em imagens das câmeras da secretaria e de segurança privada.

ROTINA SEM ALTERAÇÃO
Apesar da madrugada tumultuada, o clima era de normalidade na capital baiana na manhã desta quarta-feira (9), com trabalhadores nos pontos de ônibus e estações de metrô, além de escolas e comércio em pleno funcionamento.

“Os ônibus vão circular normalmente no dia de hoje. Não temos previsão de nenhuma paralisação. Nos dois casos, os trabalhadores não foram feridos”, disse o dirigente dos rodoviários. “O que houve foram episódios isolados.”

Para o presidente do Sindicato dos Bancários, Augusto Vasconcelos, os ataques às duas agências bancárias, sem subtração de dinheiro, foram episódios pontuais.

“As instituições bancárias estão avaliando os casos como atos de vandalismo, já que não houve roubo. Estamos funcionando”, disse.

Já a vice-presidente do Sindicato dos Comerciários, Rosemeire Correia, classificou de “lastimável” o movimento de parte dos policiais militares. “O que faz com que criminosos se aproveitem para promover o caos. É uma falta de respeito com a população.”

Morador da Chapada do Rio Vermelho, no complexo de bairros do Nordeste de Amaralina, o líder comunitário Gil de Leonn, 48, afirmou que comércio e escolas estão funcionando e que os ônibus circulam normalmente.

Sem se identificar, uma enfermeira que trabalha em um posto de saúde de Cosme de Farias, onde um grupo de pessoas atacou uma loja e um mercado, disse que a rotina não foi alterada após o ato. “A unidade de saúde está aberta, assim como as escolas e o comércio”, disse.

O motorista de aplicativo Leonardo Costa, 36, já circulou hoje pelos bairros de Pirajá, Imbuí, CAB, Boca do Rio, São Rafael e não percebeu anormalidade.

“Somente ontem, quando circularam os rumores de greve, o preço da corrida ficou dinâmico, mas as pessoas estão seguindo sua rotina.”

Enquanto a Aspra (Associação dos Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia), liderada pelo deputado estadual Marco Prisco (PSC), sustenta que os policiais estão em greve, o governo da Bahia mantém versão contrária de que a tropa está na rua.

Na manhã desta quarta, o governador Rui Costa (PT) disse que é preciso cautela na divulgação de informações falsas em grupos de aplicativos. “O fato é que nenhum dos 32 mil policiais aderiu a isso [greve]”, disse.

O governador classificou as informações divulgadas por policiais como “propaganda” e defendeu uma punição severa ao que julgou de “manipulação política partidária” das lideranças do movimento. “O estado não ficará de joelhos para um marginal”, disse, sem citar nomes.

A Polícia Militar da Bahia tem um efetivo com 33 mil policiais, entre os quais 26 mil praças e 7.000 oficiais. Segundo o líder da Aspra, cerca de 15 mil policiais são afiliados à entidade e 80% deles teriam aderido à greve.

À reportagem Prisco disse nesta terça-feira (8) que o governo não dialoga com a categoria em relação ao plano de carreira, reajuste de gratificações e melhorias no Planserv, plano de saúde dos servidores do estado.

“O erro do governo é confiar em seus coronéis, em vez de sentar para dialogar. É totalmente contraditório um governador que foi sindicalista não reconhecer uma entidade com 15 mil filiados”, disse o deputado.




Com informações do Folhapress

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