Pai foge com R$ 1 milhão doado para tratamento do filho com doença rara
Pai gastava o dinheiro indevidamente em outro estado
Crédito: Reprodução/FacebookPai foge com dinheiro doado para tratamento do filho com doença rara
Mateus Henrique Leroy Alves, de 37 anos, suspeito de usar as doações para tratamento do filho doente em passeio, teria começado a retirar o dinheiro há três meses. De acordo com a Polícia Civil, ele fez campanha nas redes sociais para arrecadar doações para comprar remédios para o filho, João Miguel, que tem amiotrofia muscular espinhal (AME), uma doença degenerativa rara.
Segundo o delegado Daniel Gomes, dos cerca de R$ 1 milhão arrecadados, ele teria gasto mais de R$ 600 mil. Em um único dia, chegou a sacar R$ 100 mil em espécie.
“Descobrimos que desde abril ele vem realizando saques na conta do filho”, disse o delegado.
O homem chegou a Belo Horizonte na noite desta segunda-feira (22). Ele foi preso em um hotel em Salvador, de frente para a praia, com custo mensal de R$ 2 mil. Segundo o delegado, ele teria feito o pagamento de dois meses com antecedência. O crime chocou a cidade de Conselheiro Lafaiete, a cerca de 100 km de Belo Horizonte.
Dentro do quarto, a polícia encontrou relógios, joias, objetos de luxo, uma porção de maconha e R$ 3 mil em espécie.
A polícia chegou até Mateus depois que a mãe de João Miguel denunciou a atitude do marido, que vinha se afastando da família aos poucos e, que, desde o início do mês, sumiu e não deu mais notícias. Ela e o suspeito mantinham quatro contas bancárias para o recebimento das doações, sendo cada um responsável por duas delas.
Ainda de acordo com o delegado, Mateus teria descoberto as senhas das contas administrada pela esposa e teria efetuado vários saques e transferências. As operações eram realizadas para contas em nome do suspeito e em nome de outras pessoas, que a Polícia Civil ainda está investigando qual a relação delas com o suspeito.
“As contas estavam zeradas”, segundo o delegado.
Em entrevista à reportagem da TV Globo, Mateus disse que estaria sendo extorquido e que parte do dinheiro foi repassado a criminosos. Ele contou que estava com medo e, por isso, fugiu, sem chamar a polícia.
O suspeito pode responder por estelionato e abandono material, por ter deixado a esposa e os dois filhos sem notícias. A Polícia Civil também investiga se houve crime de lavagem de dinheiro.
João Miguel
O filho de Mateus, João Miguel, nasceu com amiotrofia muscular espinhal tipo 1 (AME). Ele tem um ano e sete meses e vive em Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais.
Cada dose do medicamento usado por ele custa R$ 365 mil cada dose.
Policiais Civis da cidade chegaram a fazer uma corrida de rua, em junho, também para arrecadar dinheiro com objetivo de ajudar a família. Foram mais de 500 inscritos. A polícia não informou o valor, mas disse que parte foi usada pelo suspeito.
Um áudio que circula nas redes sociais mostra a angústia de uma mulher que teria ajudado na campanha. “Eu estou acabada. Como um ser humano pode fazer isso? Não estou conseguindo acreditar. Muito difícil. Muito difícil. Como é que vou dar esta notícia pros outros? Tanta gente que entrou na campanha através de mim”, disse.
Um caso semelhante comoveu a cidade de Aquari, em Santa Catarina. Os pais de Jonatas, menino com a mesma doença de João Miguel, fizeram uma campanha para levantar recursos que seriam destinados ao tratamento da criança.
Porém, de acordo com o Ministério Público, eles desviaram parte do dinheiro para comprar celulares, peças de carro, um faqueiro, um skate, roupas, sapatos, joias, pagarem academia, um carro , contas em restaurante e casa noturna, aparelho de som e uma viagem a Fernando de Noronha no valor de R$ 7.883,12.
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