Secretário nomeado por Mauro Mendes tentou matar o próprio Filho
Polícia revelou a trama dando conta de que Francisco Serafim de Barros mandou matar o filho que havia ganhado prêmio na Mega Sena
Pecuarista seria executado em MS; crime envolvia R$ 12 dos 28 milhões ganhos pelo filho em loteria
Francisco Serafim de Barros foi Coordenador e doador de campanha de Mendes ao governo do estado, e foi nomeado pelo governador Mauro Mendes nessa quinta feira (10) para o cargo de Presidente do INTERMAT (Instituto de Terras do Estado de Mato Grosso), Nível DGA-2
Entenda o caso envolvendo Pai e Filho:
A prisão de dois homens que seriam pistoleiros de aluguel, ocorrida em 2010 na cidade de Bandeirantes=MS (100 km ao Norte de Campo Grande), revelou a trama do então superintendente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Francisco Serafim de Barros, visando ao assassinato do filho Fábio Cézar Barros Leão.
Serafim, teria planejado matar o filho, um vidraceiro que virou pecuarista, após receber um prêmio da Mega-Sena.
O caso investigado aconteceu em Mato Grosso, onde moravam o pai e o filho, e em Mato Grosso do Sul, território marcado para o crime acontecer. A soma de R$ 12 milhões em dinheiro e o domínio de bens teriam motivado a briga familiar.
Conforme o apurado pelo Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros (Garras), da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, dois homens foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por porte de arma.
No carro da dupla, os policiais acharam várias fotografias de um homem e de uma mulher. Os presos seguiam de Mato Grosso do Sul para o Estado de Goiás, onde moravam.
Na investigação, os policiais descobriram que a mulher da fotografia, que morava em Campo Grande, era a noiva do pecuarista (filho de Serafim), que residia em Cuiabá.
Após a prisão dos supostos pistoleiros, o Garras quebrou o sigilo telefônico da dupla e passou a monitorar as ligações do telefone de Francisco Serafim.
Por meio das ligações e depoimentos dos dois detidos pela PRF, a polícia descobriu a trama e a Justiça de Mato Grosso do Sul determinou a prisão preventiva do aposentado e do filho caçula dele, Fabiano Barros Leão, 32, por suposta participação no esquema. Os dois negaram o plano. A polícia não divulgou o teor das conversas captadas.
Conforme revelações, Fabiano foi preso na fazenda do irmão Fábio Barros Leão, localizada na região de Juscimeira-MT (a 160 km de Cuiabá). Ao ser preso, ele portava uma pistola 380, e na sede da fazenda foram localizadas outras três armas de fogo, sendo duas espingardas calibres 12 e 36 e um revólver calibre 22, todas municiadas, além de mais de 100 munições guardadas em caixas.
O suspeito foi autuado em flagrante por porte e posse ilegal de arma de fogo, pelo delegado Vitor Hugo Bruzulato.
Amor Antigo:
Serafim Barros foi Secretario de Planejamento da Prefeitura de Cuiabá na gestão Mauro Mendes (2013 - 2016) já após a suposta tentativa de tirar a vida do próprio filho. Desta forma, Serafim era quem detinha a ‘chave do cofre’ da administração Mauro Mendes.
Morte no fim de semana
Segundo a Policia, os pistoleiros presos em blitz do Garras disseram que planejaram matar Fábio num final de semana, em Campo Grande. Os supostos pistoleiros se hospedaram num hotel perto da casa da noiva do pecuarista.
Era costume do casal se ver todo fim de semana. Naquela data, o pecuarista não foi ao encontro. Os investigadores acreditam que, por conta do plano frustrado, os pistoleiros retornariam para Goiás, onde moravam, mas poderiam voltar à cidade na semana seguinte.
O advogado cuiabano Ricardo Monteiro, que defendeu o ganhador da Mega-Senna disse que pai e filho brigavam na Justiça pelo domínio do prêmio há pelo menos três anos. Ele afirmou que seu cliente recebeu R$ 28 milhões em 2006, ao acertar os números sorteados na loteria da Caixa e que depositou o dinheiro na conta do pai.
"Um ano depois, ele entendeu que o prêmio não estava sendo bem administrado e pediu o dinheiro de volta ao pai, que não concordou com isso", disse o advogado.
O caso foi parar na Justiça, e na época, ao menos R$ 12 milhões, depositados na conta de Serafim, foram bloqueados. Os bens do aposentado, entre eles fazendas comprados com dinheiro do prêmio, também foram bloqueados, segundo o advogado.
O filho, que antes do prêmio administrava uma vidraçaria em Cuiabá, passou a ser, segundo o advogado, um dos mais importantes pecuaristas da região Sul de Mato Grosso, dedicado à reprodução de bovinos.
Inquérito
O Fantástico teve acesso ao inquérito com indícios contra Francisco Serafim de Barros.
O depoimento considerado mais importante foi de José Gonçalves, um dos acusados de pistolagem. Ele contou que recebeu do pai do milionário uma foto do filho e uma quantia em dinheiro.
Mas, no depoimento, José não falava em assassinato, e sim que deveria apenas encontrar o vencedor da loteria, na capital de Mato Grosso do Sul. “Eu acredito que o delito não ocorreu porque ele não estava aqui em Campo Grande”, disse o delegado Ivan Barreira.
No Fantástico, o filho acusou o nomeado secretário de Mauro Mendes de ter ficado com metade da fortuna. “Ele não devolver meu prêmio já era uma coisa que ninguém acreditava. Agora, ele mandar me matar é muito mais inacreditável”, afirmou.
A disputa judicial entre o ex-vidraceiro e seu pai se encerrou em junho de 2010 após um acordo perante a Justiça de Mato Grosso. O pai aceitou devolver ao filho a fazenda Nazaré, comprada com parte do prêmio.
Em contrapartida, Fábio deu a Francisco uma quantidade de cabeças de gado e alguns bens que a reportagem não identificou. A audiência foi realizada na Comarca de Jucismeira, a 160 km da capital mato-grossense sob coordenação da juíza Melissa Lima.
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