Deputados que apoiam Mauro Mendes escreveram famosa lista de propinas
Na planilha entregue por Silval a Justiça Federal, consta 9 deputados aliados de Mendes que recebiam propina, numa lista escrita por Mauro Savi (DEM) e Romualdo Jnior (MDB),
Foto arquivo. Deputado Mauro Savi (DEM), hoje preso, com o deputado Romualdo Junior (MDB)
O ex-governador Silval Barbosa disse, em delação premiada, que alguns deputados estaduais que receberam propina acabaram não sendo gravados, no Palácio Paiaguás, quando foram buscar o dinheiro e que alguns repasses foram feitos dentro da Assembleia Legislativa. Mas ele entregou para a Procuradoria Geral da República as planilhas de controle de pagamento feita pelo ex-chefe de gabinete Sílvio Cezar Corrêa Araújo, e 24 deputados estaduais e suplentes da legislatura anterior foram contemplados com pagamentos supostamente irregulares, fruto de propina paga por empreiteiras contratadas para executarem as obras do MT Integrado (obras de pavimentação). Na delação premiada, Silval aparece em vídeo lendo nomes dos acusados.
Na planilha, além de Romualdo Junior e Mauro Savi que hoje se encontra preso e não deve ser candidato por não conseguir sair antes da convenção, constam os nomes de outros deputados que estão na campanha de Mauro Mendes: Wagner Ramos, Pedro Satelite, Sebastião Rezende, Nininho e Dilmar Dal Bosco. Já o deputado Zé Domingos do PSD não saiu a reeleição, mas seu partido coligou com Mauro Mendes, assim como Emanuel Pinheiro que atualmente é prefeito da Capital, e tem seu partido (MDB) coligado com o DEM de Mendes. Outro ex-deputado com o nome mencionado, Luiz Marinho, não atua na política mais desde 2014, quando foi sucedido pelo seu irmão Eduardo Botelho, que é do DEM, mesmo partido de Mauro Mendes.
Entre os 15 apensos e três volumes que compõem a delação de Silval, Sílvio, da ex-primeira-dama, Roseli Barbosa, do filho de Silval, Rodrigo Barbosa, e do irmão do ex-governador Antônio Barbosa, estão as imagens captadas por ele de políticos recebendo o dinheiro e 11 planilhas com anotações sobre os supostos pagamentos, relativos ao primeiro semestre de 2013. Ele revelou que apenas dois deputados não receberam as parcelas do acordo das mãos dele, Zeca Viana (PDT) e Guilherme Maluf (PSDB)
Conforme Sílvio Correa, entre os anos de 2012 e 2013, ele foi informado por Silval da existência de acordo com os deputados, que receberiam R$ 600 mil cada um, valor dividido em 12 parcelas. O dinheiro para a quitação de mais esta conta seria providenciado pelo então secretário adjunto de Infraestrutura, Valdísio Juliano Viriato, encarregado de recolher a propina das empresas.
Os pagamentos eram feitos geralmente em dinheiro e no gabinete de Sílvio, que revelou que os deputados iam pessoalmente buscar a parcela mensal do acerto. Apenas o deputado Sebastião Rezende (PSC) em algumas vezes encaminhou uma pessoa para fazer o recebimento.
Aos procuradores, ele explicou que em algumas ocasiões ia pessoalmente à Assembleia para fazer a entrega do dinheiro, o que ocorria, segundo Sílvio, no gabinete do então primeiro-secretário, o deputado Mauro Savi (DEM). Em duas vezes teria deixado o dinheiro ao parlamentar, que faria os repasses aos colegas. Sílvio contou que desde o início tentava obter um recibo que confirmasse a quitação da dívida, mas foi informado pelo deputado Romualdo Júnior (MDB) que nenhum parlamentar assinaria qualquer documento, ficando o acordo mantido “na palavra”.
A lista dos pagamentos a serem feitos, apresentada por Sílvio à Procuradoria-Geral da República (PGR), foi elaborada por Romualdo, (MDB) à época líder do governo no legislativo, ou Savi, (DEM) após uma reunião em que reclamações de políticos que tinham recebido o dinheiro, mas alegavam que não, foram apresentadas.
Embora não tenha recebido os recursos provenientes da propina, Zeca vViana (PDT) também aliado de Mauro Mendes, teria cobrado, certa vez, o ex-chefe de gabinete, dentro da Assembleia, sendo informado por Sílvio que não tinha direito a este dinheiro por não estar na relação elaborada por Romualdo ou Savi. Já Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), chegou a pegar duas parcelas, enquanto o restante foi acertado diretamente por ele com Viriato.
A ideia de gravar alguns dos recebimentos da propina partiu do próprio Sílvio, por conta da pressão sofrida por ele e Silval, feita pelos deputados. Ele explicou que comprou uma câmera em São Paulo, a instalou em uma antena parabólica que ficava em sua sala e contou com a ajuda de um servidor para ajustar a imagem captada.