Inadimplência do consumidor brasileiro cresce 3,54% em abril de 2018

62,2 milhões de brasileiros estão inadimplentes


Número de brasileiros que não conseguem pagar suas contas segue elevado apesar do fim da recessão e atinge 62,2 milhões de pessoas. Por outro lado, quantidade de dívidas tem crescido em patamar mais moderado

O volume de brasileiros com contas em atraso e registrados nos cadastros de devedores voltou a apresentar alta no último mês de abril. Segundo dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) houve um crescimento de 3,54% na quantidade de inadimplentes na comparação entre abril deste ano com o mesmo mês do ano passado, o que configura a sétima alta consecutiva na série histórica do indicador. Na comparação mensal, ou seja, na passagem de março para abril, sem ajuste sazonal, o indicador apresentou estabilidade, com uma variação de 0,04%.

Dados detalhados do indicador mostram que o crescimento da inadimplência nacional foipuxado pela região Sudeste, cuja alta foi de 8,56% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. Esse crescimento se deve, a revogação de uma lei no Estado de São Paulo, que limitava o processo de registro de inadimplência. Com a derrubada da lei, muitos dos atrasos que estavam represados foram inseridos na base de devedores de forma abrupta.

Na demais regiões, também foram observadas altas na quantidade de inadimplentes, mas de forma mais modesta: crescimento de 3,63% no Centro-Oeste, 3,37% no Nordeste, 3,34% no Norte e 1,86% no Sul.

Brasil encerrou abril com aproximadamente 62,2 milhões de negativados  - O SPC Brasil e a CNDL estimam que o Brasil encerrou o mês de abril com aproximadamente 62,2 milhões de brasileiros com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas – o que representa 41% da população adulta do país.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dados refletem o quadro de dificuldades econômicas que as famílias ainda enfrentam, apesar do fim da recessão. “O desemprego segue elevado e a renda reduzida. Mesmo com o fim da recessão e sinais mais evidentes de que o país está se recuperando da crise, os efeitos imediatos no bolso do consumidor ainda demoram a aparecer”, explica.

Com a perspectiva de que a economia e o consumo irão se recuperar de forma lenta e gradual ao longo do próximo semestre, a economista do SPC Brasil avalia que a expectativa é de que a inadimplência se estabilize e pare crescer a taxas elevadas ao longo de 2018. “Com a retomada do ambiente econômico acontecendo de forma lenta, ainda demorará para termos um aumento expressivo do número de empregos e renda, fatores que impactam de forma positiva tanto no pagamento de pendências”, afirma a economista.

Sudeste tem mais inadimplentes, mas em proporção, liderança é do Norte - Em termos absolutos, é na região Sudeste onde se encontra a maior quantidade total de brasileiros com contas em atraso: 26,83 milhões, o que representa 41% do total da população. Em segundo lugar aparece o Nordeste, que possui 16,66 milhões de pessoas com contas em atraso (41% da população adulta da região). A região Sul contém 8,09 milhões de inadimplentes, o que representa 36% de sua população e o Norte, aproximadamente 5,62 milhões de consumidores registrados em cadastros de devedores. Proporcionalmente à sua população residente, são os Estados do Norte que possuem a maior inadimplência do país, uma vez que 47% da população adulta dessa região possui contas em atraso. No Centro-Oeste são 4,98 milhões de inadimplentes (43% da população).

O indicador ainda revela que a maior parte dos inadimplentes está na faixa dos 30 aos 39 anos. São aproximadamente 17,6 milhões de consumidores entre com contas sem pagar nessa faixa etária. Em segundo lugar estão os adultos com idade entre 40 e 49 anos (13,8 milhões) e em terceiro os consumidores de 50 a 64 anos (12,7 milhões). Jovens adultos de 25 a 29 anos são 7,9 milhões de inadimplentes no Brasil e os idosos de 65 a 84 anos, são 5,2 milhões. Na faixa etária dos mais jovens, de 18 a 24 anos, o número verificado é de que 4,7 milhões de consumidores estejam com alguma conta em atraso e com o CPF registrado em cadastros de devedores.

“O volume de atrasos é maior nas faixas etárias em que há mais responsabilidades da vida adulta, como casamento, filhos, aluguel ou aquisição da casa própria. É um momento em que as atribuições financeiras crescem de forma acentuada, exigindo organização. Já a inadimplência elevada entre os mais idosos se justifica pelo que fato de que, atualmente, essas pessoas permanecem por um tempo maior no mercado de trabalho”, analisa a economista Marcela Kawauti.


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