Em Rondonópolis, Selma Arruda diz que política e leis estão ineficientes

A juíza aposentada Selma Arruda visitou o município de Rondonópolis ontem (23)

Foto de arquivo na internet

A pré-candidata ao Senado Federal e juíza aposentada Selma Arruda (PSL), em visita em ontem (23) a cidade de Rondonópolis, ressaltou que o Brasil sofre com a falta de eficiência política e das leis. “O que me motivou a entrar para a política foi perceber que o sistema político e de leis, da forma como está posto, não tem nenhuma eficiência. A Justiça não consegue punir os autores, principalmente de crimes de corrupção. É um sistema falho, feito para não funcionar. Percebi isso durante os anos como juíza, então resolvi me levantar e tentar fazer alguma coisa para mudar essa legislação falha”, atesta.

“Tenho muita preocupação com essa situação, porque sabemos que não é só uma questão de combater a violência e o crime em si, mas sim de ter atitudes que possam prevenir que as coisas ruis aconteçam. No judiciário, a gente vê as coisas pelo retrovisor, depois que aconteceu, pois não consegue ter uma atitude de prevenção. A lei bem elaborada pode e deve ter atitude de prevenção, princialmente evitando que as pessoas tenham sensação de impunidade para cometer o errado. Acho que não tem nada que motiva um crime a não ser a certeza de que não vai acontecer nada com quem pratica. Este cenário precisa ser mudado”, disse a pré-candidata.

Ela ressalta que a corrupção no Estado de Mato Grosso está muito grande e em todas esferas. “Não podemos nos iludir achando que alguma outra esfera não esteja contaminada pela corrupção, assim como no Brasil. Vejo que podemos começar a mudar, mas será um trabalho longo e uma coisa que não vai ser feita em pouco tempo, pois começa pela mentalidade das pessoas. É preciso investir muito na mudança de mentalidade e comportamento do brasileiro para diminuir a corrupção. Um primeiro passo prático é cortar a designação de cargos públicos para pagar dívidas de campanha. Cargos públicos devem ser ocupados por efetivos e por mérito”, externou.

Nas últimas semanas, a juíza aposentada perdeu a escolta de segurança por determinação judicial e foi acusada de campanha eleitoral extemporânea em Cuiabá. Tais situações podem estar ligadas a repercussão de sua pré-candidatura. “Isso coincidiu com resultados de pesquisas que me colocam bem no cenário político, mas é normal em uma campanha apanhar por causa disso. Com relação, a acusação de propaganda extemporânea estou absolutamente tranquilha, pois os adesivaços foram promovidos pela Direita MT, não pelos candidatos mencionados no ato. As pessoas estavam agindo de forma espontânea e a legislação permite a possibilidade”, justificou.

“O Tribunal me tirou o direito à segurança. Respeito, mas discordo porque acho que neste momento, apenas com trinta dias da minha aposentadoria, não é notável que a pessoa já não corra nenhum risco. Tomei atitudes que feriram muitos interesses, não apenas nesta situação do crime do colarinho branco, mas criminalidade mais violeta, como Comando Vermelho. Recebi ameaças em dezembro que me foram comunicada pela própria Corregedoria do Tribunal. Outra em março quando uma pessoa do Comando Vermelho se aproximou de min dizendo que sabia detalhes da minha segurança. A última ameaça foi na sexta-feira passada (18). Mas tudo foi desconsiderado pelo Tribunal. Não posso aceitar e já pedi ao Tribunal que reveja, principalmente pelo fato deles darem publicidade a essa situação. Assim como as pessoas do bem leram a notícia, as pessoas do mal souberam também que estou desprotegida. Isso é como jogar alguém na jaula do leão. Foi uma atitude irresponsável”, reclamou.

Sobre as ideias do pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro, Selma Arruda declarou que não comunga de todas as suas opiniões. “Não comungo de todas as ideias, até mesmo porque quando se entra em um partido, não faz com que sejamos xerox das outras pessoas. Cada um tem o seu posicionamento. O que me levou a entrar no PSL foram as diretrizes ideológicas do partido, como principalmente o critério da preocupação com o social e a proteção a família, que é um núcleo da sociedade. Outro lado também do PSL é o pensamento liberal do partido, que entende que o Estado deve ser reduzido sem precisar de tantos ministérios e secretarias. Na minha visão, do jeito que está é errado, porque quanto mais grande e bagunçado, maior a corrupção. Mais enxuto, é mais fácil para os órgãos de controle e cidadãos fiscalizarem e muito mais difícil de cometer corrupção. Por isso, me filiei ao PSL e acredito na candidatura de Bolsonaro. Se ele tiver base parlamentar, terá condições de fazer pelo Brasil”, avalia.

Respondendo ao questionamento do Conselho da Mulher, que foi enviado à reportagem, sobre a postura da pré-candidata ao Senado Federal sobre como conciliar a defesa das mulheres no contexto politico ao falado “Machismo” de Jair Bolsonaro, Selma Arruda defendeu que o presidenciável não tem discurso machista. “Esta pecha que tem sido dada ao Bolsonaro de machista, homofóbico, elas não tem cunho verdadeiro. Antes de me filiar ao partido, fiz pesquisa a respeito destes discursos dele. Percebo que muitas vezes foram retirados de contextos propositalmente para poder dar estas pechas. Não vejo isso como uma verdade. Ele me recebeu muito bem como mulher inserida na disputa ao cargo majoritário”, defendeu.

Sobre a aceitação de sua pré-campanha, Selma Arruda declarou que tem sentido a adesão da população. “Tenho sentido que as pessoas estão me apoiando não apenas pelo reconhecimento do trabalho, mas pela necessidade de mudança e escolha de candidatos honestos. As pessoas estão cansadas de ver políticos em escândalos. As pessoas querem candidatos com passado limpo e o fato de ser mulher e ter ocupado cargos de destaque ajuda. Fui uma magistrada rígida que se destacou como mulher. A mulher é forte e não tem que ter medo de encarar os objetivos. Isso é o que percebo que as pessoas querem”, conta.

Sobre o fim de sua carreira na magistratura com a aposentadoria, Selma Arruda diz que as pessoas devem confiar na Justiça. “Acredito que as pessoas que estão me substituindo são capazes e com capacidade técnica tanto quanto fui. Nunca acreditei na personificação de Selma sair e a coisa desandar, ou se Sérgio Moro sair a Lava Jato desandar. Não é assim que funciona. É preciso acreditar nas instituições e não havendo uma desconfiguração desta ideia em combater o crime, tudo indica que ações vão continuar. Talvez nem a metade veio a tona. O judiciário tem como fazer um bom trabalho e, além disso, fiscalizado pela imprensa que é formadora de opinião”, conclui.


Com: A Tribuna