Testemunha que mentiu em defesa de Emanuel em CPI responde processo por falso testemunho

O Servidor da Assembléia Legislativa de MT Valdecir Cardoso de Almeida responde ação por falso testemunho na Defaz


Valdecir Cardoso de Almeida, o servidor da Assembleia que seria a primeira, das quatro testemunhas que foram intimadas a depor na CPI do Paletó, que apura se Emanuel Pinheiro cometeu quebra de decoro e obstrução da Justiça, ouvido nesta quarta-feira (07), na Câmara de Vereadores de Cuiabá, responde a um processo por falso testemunho em investigações da Delegacia Especializada em Crimes Fazendarios e Contra a Administração Pública (Defaz).

Valdecir foi o responsável por instalar a câmera usada para gravar o prefeito e outros políticos que aparecem recebendo dinheiro, supostamente a título de propina, do ex-chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa (PMDB), Silvio Cezar Corrêa. As imagens foram entregues por Silval à Procuradoria Geral da República (PGR), no acordo de delação que ele firmou no ano passado. O acordo foi homologado ainda em 2017, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Valdecir, no entanto, assegurou em seu depoimento na Casa de Leis, que não teria instalado as câmeras que flagraram deputados recebendo propina na gestão passada. Ele 'teria apenas enquadrado o equipamento'.

O processo onde ele aparece como réu pelos crimes de falso testemunho (Art. 342) e corrupção ativa de testemunhas (Art. 343) é datado do dia 28 de julho de 2017. Os artigos em que ele é acusado consistem em dizer informações falsas em processos investigatórios e oferecer vantagens ou pagamentos para perito, tradutor ou intérprete para fazer afirmações falsas, negar ou omiti-las.

Em um depoimento cheio de contradições dado aos membros da CPI do Paletó nesta quarta, Valdecir defendeu o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), mas não pode evitar responder para alguns membros da Comissão, que era amigo pessoal de Pinheiro e que teria ficado muito nervoso, depois 'que supostamente enquadrou a câmera para gravar os parlamentares', a pedido de Sílvio Corrêa, pois sabia que o deputado na época, Emanuel Pinheiro, estaria na ante sala, à espera de ser atendido pelo ex-chefe de gabiente de Silval Barbosa. E que, obviamente, seria como os outros parlamentares, igualmente gravado.

E mesmo dizendo que Pinheiro não estaria na lista, 'naquele dia', para receber a propina do mês e por isto teria registrado este testemunho em cartório, onde afirma, aliás,  que Emanuel não teria recebido propina e sim o pagamento de uma dívida do irmão dele, o Popó, ele no entanto não aceitou o pedido de alguns membros da CPI, de ter seu sigilo telefônico e bancário quebrados, neste período, como forma de assegurar a veracidade de suas palavras. E ainda não soube responder porque seu documento registrado em cartório estaria no cofre do prefeito emedebista, Emanuel Pinheiro. Encontrado, coincidentemente, na residência de Pinheiro quando da deflagração da operação Malebolge, pela Polícia Federal, determinada pelo ministro do STF, Luiz Fux, no dia 14 de setembro de 2017.

A operação Malebolge – o oitavo círculo do Inferno de Dante – destinou a reforçar conjunto probatório acerca de pagamento de propina a membros do Poder Legislativo Estadual (“mensalinho”), com o objetivo de que sustentassem a governabilidade do Executivo, aprovando projetos do então governador Silval Barbosa ou se abstendo de investigar membros da cúpula do governo estadual.



Com: Únicanews