Deputado irmão de Neurilan Fraga usou conta de ex assessor pra receber 100 mil

Deputado José Domingos é irmão do Presidente da AMM "Neurilan Fraga" que ataca contra o governador Pedro Taques


Após receber dinheiro, agricultor pagou contas pessoais do Deputado José Domingos Fraga

O deputado estadual José Domingos Fraga (PSD) é suspeito de receber R$ 100 mil do empresário Claudemir Pereira "Grilo", um dos sócios da Santos Treinamento, empresa que estaria por trás do esquema de lavagem de dinheiro e desvios de recursos no Detran investigados na "Operação Bereré". O dinheiro teria sido destinado primeiramente a um ex-assessor de Fraga, Jorge Batista da Graça, que depois pagou contas pessoais do parlamentar.

As informações são de um depoimento de Jorge Batista ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). O ex-assessor, que hoje é agricultor, disse que foi convidado para trabalhar junto ao deputado estadual após colaborar na campanha de Fraga em 2014.

Ele afirma que acabou se transformando num “homem de confiança” do parlamentar. “Tempos depois virei homem de confiança do deputado José Domingos, acompanhando o deputado em suas viagens no interior do Estado e responsável pela administração de todos os gastos e despesas do deputado”, diz trecho de seu depoimento.

Os R$ 100 mil teriam sido pagos por meio de um cheque, emitido pelo próprio Claudemir Pereira, e uma transferência bancária, ambos de R$ 50 mil. Os valores foram depositados na conta bancária de Jorge Batista da Graça.

Segundo o depoimento, o valor transferido para a conta bancária do ex-assessor seria utilizado para o pagamento de boletos de José Domingos Fraga. “Esse dinheiro foi utilizado para o pagamento de contas e boletos do deputado José Domingos, que nunca comentou o motivo desses valores serem creditados em sua conta bancária”, disse o ex-assessor.

BERERÉ

Deflagrada no dia 19 de fevereiro de 2018, a operação Bereré, do Ministério Público Estadual e da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e contra a Administração Pública (Defaz-MT), desbaratou uma quadrilha que lavava dinheiro e desviava recursos públicos por meio de empresas que prestam serviços ao Detran-MT. O bando agia desde 2009 e teria desviado em torno de R$ 1 milhão por mês.

Os principais alvos da operação são os deputados estaduais Eduardo Botelho e Mauro Savi, ambos do PSB, além do ex-deputado federal Pedro Henry. As investigações tem como base os depoimentos de colaboração premiada do ex-presidente do Detran-MT, Teodoro Lopes, o “Doia”, além do empresário Rafael Yamada Torres, outro delator do esquema.

Segundo as investigações, a Santos Treinamento e Capacitação é uma empresa fantasma que já teve entre seus sócios o presidente da AL-MT, Eduardo Botelho (PSB). A organização recebia recursos desviados da FDL Serviço de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos, que realiza junto ao Detran-MT o registro de financiamentos de veículos em alienação fiduciária.

Um dia depois da deflagração da operação, em 20 de fevereiro, Eduardo Botelho admitiu que conhecia a fraude e se disse “arrependido” de não ter deixado o quadro societário assim que soube do esquema, em 2011.

O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), José Zuquim Nogueira, determinou no dia 16 de fevereiro de 2018 o sequestro de R$27.722.877,38 de 17 pessoas, entre físicas e jurídicas, envolvidas no esquema de lavagem e desvio de dinheiro no Detran de Mato Grosso. De acordo com o despacho do magistrado, o recurso era “desviado” do órgão para “retirar-lhe a sujeira que cobre a sua origem”. Entre as pessoas atingidas pela medida estão os deputados estaduais Eduardo Botelho, Mauro Savi, o ex-deputado federal Pedro Henry, além de sócios e lobistas que participaram do esquema. 



Com: Folhamax