Silêncio geral

OPINIÃO


No meio dos diversos tiroteios que o governo Pedro Taques vem enfrentando, nenhuma palavra das entidades representativas do setor privado. Em curso a crise dos grampos, a votação iminente da PEC do Teto de Gastos e a greve do Detran, mais o cenário de ameaça geral de greve dos servidores públicos.

A quem tudo isso atingirá? Aos setores privados, claro! Até porque a pressão de 100 mil servidores públicos é por seus direitos e interesses. Ignora-se 2.144 mil mato-grossenses a quem de fato interessa a ordem institucional pública. O governo lida com uma Assembléia Legislativa fragilizada, mas que tem o poder de mutilar a PEC do Teto de Gastos Públicos e abrir mais gastos, mesmo que o Tesouro do Estado não tenha mais do que 1% do orçamento anual para investir em benefício efetivo da sociedade inteira. 

Os funcionários públicos, representam 3,2% de toda a população e conseguem ter mais voz e mais poder político das que todas as instituições privadas poderosas como as federações do Comércio e Serviços, da Agricultura e Pecuária, dos Transportes, das Câmaras de Dirigentes Lojistas, Associações dos produtores de soja e milho, da pecuária, do algodão, de veículos novos e usados, de todos os conselhos profissionais, sindicatos patronais, etc. 

Na greve geral pela RGA em 2016, o governo remou sozinho. Não teve o apoio das instituições privadas que representam os setores geradores da economia e arrecadadores de impostos. Essa alienação permitiu que o Fórum Sindical que agrega todos os sindicatos do serviço público estadual, tomasse conta da política e “colonizasse” a gestão estadual.

Neste momento em que os funcionários públicos apertam o pescoço da fraca Assembléia Legislativa, nenhuma voz privada se levanta para se pronunciar. Agem como se não tivessem nada a ver com as consequências. Não é compreensível essa alienação e tal grau de despolitização de entidades que produzem movimento próximo de R$ 100 bilhões por ano na economia de Mato Grosso. Mas não são capazes de reunir meia dúzia de vozes em defesa de toda a sociedade de 3.144 mil habitantes, já que apenas 100 mil servidores organizados estão dando as cartas no jogo político. Tem hora que o governo se fragiliza e precisa de apoio externo sob pena de precisar ceder às pressões dos interesses internos.

Estão faltando pensadores e estrategistas políticos no setor privado. O silêncio atual é burro.


Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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