Uma empresa, a solução perfeita e a miopia de uma equipe
ARTIGO
Em uma reunião com a equipe de gerentes, o diretor de uma rede de restaurantes tradicionais em São Paulo diz: “Temos que diminuir as despesas, nosso lucro está indo embora pelos excessos, desperdícios. Fiz uma análise em relação ao concorrente e descobri que eles faturam menos que nós, porém tenho visto que eles fazem muito mais investimentos que a gente. Nosso lucro está indo embora em falta de controle e altos custos, precisamos cortar as despesas”, conclui o diretor.
Os gerentes ouvem e concordam que precisam cobrar de toda a equipe atenção e ação neste aspecto. Assim um dos gerentes do grupo se reúne com seu time e diz: “Todos precisamos economizar. A nossa meta é diminuir as despesas, pois o nosso lucro está indo todo embora nos altos custos e desperdício!"
Observando isso os maîtres, o comprador, os cozinheiros, auxiliares e outros membros da equipe acatam a informação e começam a buscar soluções para o problema em questão:
*O filé do cardápio substituíram por colchão mole;
* O azeite por óleo de girassol em um galheteiro bonito;
* O cafezinho "cortesia", trocaram a marca por um tipo C;
*O catchup caseiro de tomates robustos e vermelhos por sachês de conteúdo
rosa pink cheio de corantes;
E assim várias alterações estavam sendo feitas com afinco por cada um deles em "prol" da empresa. A intenção deles era a melhor. Iriam conseguir resolver o problema apontado ali.
Mas os clientes notaram as mudanças e as reclamações começaram...
O maître (líder do salão de atendimento) cansado de tantas queixas vindas dos clientes, tenta várias vezes - sem resultado - conversar com seus colegas, porém eles alegam estarem fazendo cada um a sua parte, que o maître deveria parar de reclamar e cumprir com a sua função de contornar as reclamações, fazer o cliente se acostumar, evitando que o freguês fosse embora.
"Maître resistente. Tem dificuldades em lidar com mudanças! Será que ele não entendeu o que nosso patrão disse? Que se não cortarmos custos podemos fechar?", avalia um membro da equipe com outros colaboradores.
O maître cansado de ser rotulado como o resistente e chato da turma, resolve procurar o gerente da unidade, que de costume faz sua gestão a maioria do tempo dentro da sua sala em frente ao computador, esperando o final do mês para analisar seus relatórios e ver os resultados de seus direcionamentos. Ali o líder de salão desabafa ao gerente.
"Estou cansado! Não estou entendendo este novo direcionamento. Trabalho aqui há anos e não acredito que essa seja a essência do nosso restaurante. Estamos perdendo a qualidade desde a última reunião há 20 dias. Os clientes queixam comigo e eu não consigo contornar essa situação, pois esse novo formato não condiz com a essência, a identidade dos nossos restaurantes!”, argumenta o maître.
E ali, o maître vai compartilhando tudo que está acontecendo e o gerente enfurecido com as informações que está recebendo também desabafa.
"Por isso que não vamos para frente, quem disse que era para cortar custos desse jeito? Será que eles não conhecem nosso jeito, nossa política? Eu quero uma reunião extraordinária agora! Com líderes assim como posso ficar na estratégia? Parece que em tudo tenho que por a mão?!", diz o gerente.
Porém, não assumindo sua parte no processo de informar, ensinar e verificar, o gerente acha que o problema está só na equipe e dessa forma não assume sua parte sobre o problema que está a se apresentar ali.
Eu estava na sala, ouvi o maître, o gerente, sabendo da reunião e intenção da diretoria pude perceber que se tratava de uma grande oportunidade de aprendizado, naquele momento entendi que havia ali uma dinâmica muito mais complexa do que a visão apresentada por cada uma das partes e todos estavam limitados.
O desafio, a meta, a informação havia sido passada e repassada como aquela brincadeira infantil chamada telefone sem fio, conhecem? As decisões estavam pautadas sobre uma ótica limitada, míope da informação.
Não investigaram as causas, as variáveis envolvidas, a informação foi passada sem ser tratada, aprofundada, ensinada pelo seu gestor a equipe operacional. Arrisco dizer até pelo seu diretor, que talvez não reforçou o suficiente sobre a importância de se abraçar a mudança, sem sacrificar a essência, a identidade do negócio, ou seja: o cliente.
Eles (cozinheiros, comprador, etc) só estavam a cumprir com "maestria" e fidelidade o que foi pedido, porém a partir da referência de compreensão deles!
Assim, quero alertar aqui sobre a importância de se comunicar com clareza. Toda meta, objetivo e informação devem ser ENSINADOS, EXEMPLIFICADOS e VERIFICADOS!
RESULTADOS POSITIVOS E SUSTENTÁVEIS DE UMA LIDERANÇA, DE UMA EMPRESA DEPENDEM DISSO!
Leve essa reflexão ao seus colegas de trabalho, para que todos possam Expandir a Consciência e Gerar Ações Transformadoras em seus ambientes de trabalho!
Cynthia Lemos é Psicóloga Empresarial e Coach na Grandy Desenvolvimento Humano. Especialista no Desenvolvimento de Líderes e Empresas tem a missão de: Expandir a Consciência e Gerar Ações
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