Quantas vezes você disse SIM, querendo dizer NÃO?

Quantas vezes você disse SIM, com um sentimento de traição para consigo mesmo, por não ter dito NÃO?

Psicóloga Cynthia Lemos

Sim, eu também já fiz isso, e muitas vezes não entendia porque agia assim, era mais forte que eu, quando via, já tinha dito: "SIM, tudo bem" ou "Tá, pode ser" e dentro de mim, logo em seguida, em frações de segundo, vinha uma voz interna: "Por que?" "Mas você não podia, esse dia..." 

Traição, o sentimento que vinha. A traição para comigo mesmo, de não conseguir em primeiro lugar me respeitar. É por isso que digo que o conhecimento é algo maravilhoso, principalmente quando inicialmente dedicado ao conhecimento de si mesmo, a base de todo e qualquer processo para se tornar um grande líder. Foi quando comecei a explorar, porque me sentia assim.

Então percebi o quanto tantas pessoas se sentem ou já se sentiram da mesma forma, e vi uma relação de uma parte disso com algo muito universal, ou seja, semelhante a muitos de nós: “Ser reconhecido e amado" - A primeira necessidade emocional do ser humano.

Por muitas vezes para que o outro não ficasse triste, chateado comigo ou talvez porque eu me conectasse mais com os outros do que comigo mesmo, talvez por medo de perder meu lugar, disse SIM, muitas vezes QUERENDO dizer NÃO.

Quem aqui já não passou por uma experiência ou já ouviu algo parecido? Imagina comigo a seguinte cena: Uma vez na casa da madrinha, você ainda criança torce a cara por causa de uma verdura que é colocada no seu prato durante o almoço e de súbito leva um beliscão por debaixo da mesa: "Come tudo aí, coisa feia fazer isso, sua madrinha vai ficar triste!”

Com esse belo exemplo de experiências comuns, aprendemos a ser mais educados e respeitar o outro, mas colada a ela, aprendemos também que falar o que se pensa às vezes significa que alguém pode deixar de gostar de ti, e assim uma crença forte é criada e instaurada em você. Podemos pensar aqui em tantas experiências universais que você já viu ou talvez até passou também e nem se lembre: "Come tudinho se não o papai vai ficar triste”; "Se você não terminar a tarefa agora a professora vai ficar chateada com você."

E assim, aprendemos a RESPEITAR o outro, a entender as REGRAS, mas reforçamos também essa necessidade básica do ser humano de ser reconhecido e amado através de ações que agrade o outro nem que isso signifique fazer algo que lhe contrarie.
Nada de errado em agradar o outro, isso é maravilhoso, pois é uma forma de nos mantermos conectados, é uma forma de demonstrar afeto, amor, flexibilidade...

A grande questão é quando temos a sensação de que perdemos a liberdade, que viramos escravos do outro, fantoches na mão de alguém, da sensação interna em relação ao medo do abandono, da rejeição, de ser excluído de um grupo, no qual e em prol disso, acabamos agindo compulsivamente para atender a tudo e a todos, deixando aquele Eu interno de luz, de AMOR, de cuidado pleno que é tão grande, que existe dentro de cada um de nós, soterrado, sem força que desaparece e a impressão que temos é que somos só a angústia de ter que conquistar tudo isso, todo esse bem-estar, todo esse amor através dos outros, das coisas, sem se dar conta ou saber que SOMOS TUDO ISSO - primeiro dentro de nós. Que o bem-estar de cada um de nós, só pode ser sustentável se vier de nós, se nos responsabilizarmos por isso.

Quando encontramos a paz do amor por si mesmo que existe dentro de NÓS é que poderemos fazer conexões de "SIMs" verdadeiros, de "SIMs" com cumplicidade interna e autêntica, construindo e demonstrando nossa verdadeira IDENTIDADE. 

Agora falando da minha experiência, para falar dos SIMs da vida, percebi depois de um tempo que o conceito de amar e ser amado começava dentro de mim, que a CUMPLICIDADE e PARCERIA primeiro tinha que ser INTERNA. E essa é a premissa básica para que possamos liderar com autenticidade, para que possamos estar verdadeiramente disponíveis para apoiar e desenvolver outras pessoas, sem projeção ou cobranças pessoais; cobrando do outro que cuide de mim, que me faça feliz, que me reconheça. Que quando fosse assumir algo, que este assumir com SIM, tinha que primeiro ser negociado internamente, porque assim poderíamos seguir livres e em paz. 


Quantas vezes você disse SIM, querendo dizer NÃO?

Para mim este passo foi tão importante, tão crucial, tão marcante em minha vida que me lembro até hoje e realmente me gerou paz imensa.
Por volta dos meus 19 anos, ainda na faculdade, após várias aulas durante todo o dia, meu objetivo era chegar na minha casa e fazer aquela faxina geral. 

Naquela época já havia iniciado o meu processo de autoconhecimento, através de terapia, e justamente o tema era: saber dizer SIM para mim, antes de SIM para o outro, pois, eu funcionava de modo brilhante, com as palavrinhas mágicas: “Tudo bem!” “Deixa comigo!” “Sim, pode ser.”, ou seja, no piloto automático de atender imediatamente a necessidade do outro.
Mas sigamos na cena daquele dia, o marco meu marco histórico, que talvez você chegue até a dizer: "Que bobagem!" E aí eu lhe direi, este é um exemplo de um pequeno primeiro passo de uma jornada inteira, que começou assim:

Como disse, estava eu em um dia comum na faculdade, uma segunda qualquer onde após a aula eu havia me planejado para aquela faxina na minha casa, que incluía uma limpeza geral na minha geladeira, quando no final da aula uma colega da faculdade chegou perto de mim e disse: "Amiga, você pode levar essas pizzas que comprei para pôr em sua geladeira, porque hoje vou limpar e descongelar a minha?”.

Lembro até hoje, meu Eu interno se acendeu, pois lembrei do meu combinado interno e senti meu corpo esquentar e enrubescer. Afinal, eu também ia fazer o mesmo que ela, e assim, não podia fazer o que ela solicitava. Me lembro até hoje o turbilhão interno, o coração acelerado, e assim, foi quando tomei coragem e finalmente disse: "Não. Não posso, também vou limpar minha casa!"

Sensação: Alívio... Comecei a chorar ininterruptamente, de soluçar. Minha amiga não entendeu nada... achou provavelmente que eu estava de TPM ou algo assim.

Mas ela não precisava entender, porque EU ENTENDI... EU SABIA...que aquele era meu primeiro NÃO de liberdade e aliança na prática do que havia combinado internamente. Não era um NÃO para ela, mas era um SIM para mim, um SIM de respeito, cumplicidade que começava naquele momento com a minha atitude corajosa.

E ali, começamos, meu PEQUENO EU e o meu GRANDE EU, a andarmos de mãos dadas. 
Ali iniciava todo um processo de poder assumir meus desejos, meus sonhos. Para mim é muito importante compartilhar essa experiência com você, pois conquistas incríveis, difíceis e fascinantes dependem deste pequeno passo.

Quantas pessoas vejo desistindo dos seus objetivos, dos seus combinados internos, por não saberem negociar internamente antes de dizer SIM para a demanda do outro? Eu fazia isso muito, ininterruptamente, nossa e como custava caro!

Não se engane, não será possível à você ter clareza por exemplo dos seus objetivos, dos seus desejos, do que significa felicidade, do que significa por exemplo encontrar o trabalho dos sonhos, ou decidir que será referência em uma área profissional por exemplo, se antes você não for capaz de assumir a si mesmo, de negociar os SIMs da vida, sem antes estar em paz consigo mesmo, até porque ter um sonho é definir um foco e isso sem dúvida alguma representa alguns NÃOs que você terá que dizer para algumas pessoas, situações em prol da conquista de algo.

Afinal realizar sonhos depende de saber e ter clareza do que se quer. Mas como haverá espaço para os seus sonhos se você estiver o tempo todo a serviço de agradar o outro? De servir o outro em troca deste lhe retribuir algo, em troca de reconhecimento?

Quantas vezes vi pessoas viverem os sonhos dos pais, dos filhos, do patrão, desconectado de si mesmo, sem força, frustrados.

Ainda assim como você eu tenho enfrentado várias situações nesta vida, fáceis?
Nem sempre, mas com certeza com uma leveza e sentimento de paz muito maior depois deste pequeno passo. Essa sou eu, na minha caminhada .
.. 
Um grande abraço amigos. Somos juntos neste mesmo objetivo de nos tornarmos mais humanos, de nos tornarmos melhores! Até a breve!



"Cynthia Lemos é Psicóloga Empresarial e Coach na Grandy Desenvolvimento Humano.
Especialista no Desenvolvimento de Líderes e Empresas"


Enviado por Stephanie

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