Kleber Lima pergunta: Onde está o crime que Paulo Taques cometeu?

Secretário de Comunicação sai em defesa de ex-chefe da Casa Civil, que teria pedido para grampearem a ex-amante


João  Arcanjo estaria recrutando Tatiane (que já havia tido caso com Paulo Taques) com o propósito de criar uma relação conjugal com finalidade dele conseguir a transferência para o Sistema Prisional de Mato Grosso

O secretário do Gabinete de Estado de Comunicação, Kleber Lima, saiu em defesa do ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques.

O primo do governador Pedro Taques (PSDB) é apontado como responsável por repassar os números de telefones da ex-amante dele e ex-servidora pública, Tatiane Sangalli Padilha, da assistente dele à época, Carolina dos Santos, e do jornalista de oposição José Marcondes, o Muvuca, para serem interceptados durante a operação Forti, da Polícia Civil.

A acusação foi feita pela delegada Alessandra Saturnino, em depoimento à Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso, no dia 20 de junho, no âmbito do inquérito policial aberto após a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, afirmar que havia indícios de que interceptações telefônicas foram feitas de forma clandestina durante a Operação Forti, deflagrada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) em 2015.

“Onde está o crime que Paulo Taques cometeu, levando em consideração o relato da delegada?”, questionou Kleber, em entrevista à Rádio Capital FM, na manhã desta quinta-feira (13).

O secretário disse, sem citar nomes, que uma emissora de TV do Estado vem manipulando o escândalo dos grampos telefônicos em Mato Grosso que atingiu a Polícia Militar e o Poder Executivo.

“Ela [TV] acusa o ex-secretário Paulo de ter cometido dois crimes: de fazer a denúncia e informar, em um pedaço de papel, o número telefônico das pessoas que ele suspeitava que estivessem envolvidas na suposta conspiração. Isso é uma bobagem criminosa”, disse.

“Nunca vi tanta manipulação de informação por parte de um veículo de imprensa, como tenho visto na cobertura dos casos de grampo em Mato Grosso. Com um único proposito de prejudicar membros do Governo do Estado”, completou.

Pedido de investigação

Na época do pedido das escutas telefônicas, Saturnino era secretária-adjunta de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). 

Em seu depoimento, a delegada afirmou que no fim de fevereiro de 2015, o secretário-adjunto da Pasta, Fábio Galindo, lhe chamou para uma reunião, que foi acompanhada por Paulo Taques.

Na reunião o então secretário, segundo Saturnino, disse que sua ex-amante estaria sendo recrutada pelo ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, preso há 14 anos.

Paulo Taques disse que havia tomado conhecimento que João  Arcanjo estaria recrutando Tatiane com o propósito de criar uma relação conjugal com finalidade dele conseguir a transferência para o Sistema Prisional de Mato Grosso. Ele ainda informou que quem possivelmente estaria ajudando a Tatiane com informações privilegiadas era Carol, funcionária do gabinete de Casa Civil”, disse a delegada.

De acordo com  Saturnino, na reunião, Paulo Taques ainda disse que a união entre Arcanjo e Tatiane também tinha como objetivo “arquitetar um atentado contra a vida do governador [Pedro Taques]”, e do próprio ex-secretário.

Paulo Taques, segundo Saturnino, relatou que teve um relacionamento extraconjugal com Tatiane e sabia que ela era capaz de arquitetar tal atentado, uma vez que estava com muita raiva dele, por conta da não aceitação do término do relacionamento.

“Paulo Taques falava de forma bem incisiva e dizia que estaria vazando informações do gabinete dele e do governador. Ele supunha até o sumiço de documentos e desconfiava de Carol, que seria conhecida de Tatiane”, disse.

Saturnino declarou que Paulo Taques lhe entregou um papel onde constavam três números de telefones e apontou dois como sendo utilizados por Tatiane e pela Carol. O terceiro seria do jornalista José Marcondes, o “Muvuca”.

Diante das informações recebidas, a delegada disse que acionou a então diretora de Inteligência da Polícia Civil, Alana Cardoso, e que elas concordaram que a possível transferência de Arcanjo para o sistema prisional estadual estava em consonância com as investigações realizadas dentro da operação Forti, que apurava a existência “escritórios de crimes” dentro de unidades prisionais, com o intuito de promoverem crimes como tráfico de drogas e homicídios.

“A doutora Alana disse que estava com uma representação por interceptação telefônica da Operação Forti pronta e que iria incluir aqueles dois números na representação e assim foi feito”, disse.

Saturnino declarou que após o deferimento da Justiça, em conversa com Alana, chegaram ao nome do policial Raphael Meneguini pela experiência do mesmo na área de inteligência e por ser muito técnico. “A compartimentação dos alvos restritos recebeu o nome de ‘Pequi’, somente para questões de gerenciamento, mas a operação em andamento era a Forti”.

De acordo com a delegada, os serviços de interceptação foram feitos por Meneguini, em sua própria sala na Sesp. Todos os equipamentos, de acordo com Saturnino foram oficiais.


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