OPAH - Delegada ligada a Zaque teria grampeado dois telefones

Polícia Civil também fez grampo ilegal. Delegada ligada a Zaque é suspeita de grampo ilegal em dois telefones, segundo a juíza Selma Arruda



Duas pessoas, da lista de mais de 40 que foram alvos das interceptações telefônicas clandestinas que vem ocorrendo no âmbito da Policia Militar de Mato Grosso, tiveram os seus números telefônicos incluídos nos grampos a pedido da delegada Alana Darlene Souza Cardoso da Policia Judiciária Civil. Pelo menos é o que diz o 

ofício da juíza Selma Rosane Santos de Arruda encaminhado à Corregedora-Geral do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Maria Aparecida Ribeiro e que o Diário teve acesso. De acordo com Selma Arruda, os números foram inseridos pela prática de ”barriga de aluguel” – quando números de pessoas comuns são listados como se pertencendo a alvos de investigações policiais. 

“É possível verificar que existem indícios de que os terminais telefônicos (65) 9998-1122 e (65) 9208-6867 foram inseridos pela autoridade policial, delegada Alana Derlene Souza Cardoso. Esta delegada ocupava, na época, o cargo de Diretora de Inteligência da Policia Judiciária Civil, diretamente ligada à Secretaria de Segurança Pública, cujo titular era o promotor de justiça Mauro Zaque de Jesus. Foi ela a coordenadora da Operação Fortis, da SESP. O ocorrido denota, a princípio, típico caso da chamada “barriga de aluguel”, que induziu tanto o Ministério Público quanto o juízo a erro”, diz trecho do documento proferido pela juíza Selma Arruda no último dia de 25 de maio. 

Os dois telefones pertencem a Tatiana Sangalli Padilha (suposta ex-amante) e Caroline Mariano dos Santos (ex-assessora), ambas ligadas ao ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques. 

Segundo as informações da magistrada, os números da Tatiana Sangalli e Caroline Mariano foram inseridos no segundo pedido da “Operação Forti” em fevereiro de 2015, comandada pela Inteligência da Policia Judiciária Civil e que investigava crimes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT). 

Neles, Tatiana seria vulgo “Dama Lora” e Caroline como sendo do vulgo “Amiguinha”. Porém, logo depois, as duas foram retiradas das prorrogações das interceptações telefônicas da operação. 

Selma Arruda também explica que nunca foram enviados os áudios das duas vítimas. “Esclareço que, em relação à Operação Fortis, os áudios dos demais investigados foram remetidos regularmente ao juízo, restando não enviados apenas os desses dois alvos, eis que o relatório aponta que não houve conversa no período”, explica a magistrada. 

Já em relação a “Operação Querubim”, que se inicia um mês após a “Operação Forti” e que foi comandada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Selma Arruda alega que as interceptações das duas mulheres ocorreram de maneira legal, já que os nomes oficiais delas constavam no pedido para se investigar a desconfiança que uma organização criminosa, vinculada ao ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, tramava contra a vida do governador Pedro Taques (PSDB). 

No entanto, a magistrada não descarta que o possível planejamento da operação que investigava a ameaça a do governador e que se baseou a investigação, possa ter sido criada pelos investigadores. “Neste caso não há como afirmar que houve ‘barriga de aluguel’, já que os nomes e dados dos alvos interceptados foram efetivamente revelados pela autoridade policial, não se descartando, contudo, que possa ter havido a construção de [história cobertura], para dar legitimidade às escutas”. 

Selma Arruda ainda alega que na época, “era impossível a constatação de eventual fraude, até porque se trata de duas representações, formuladas por autoridades policiais distintas, lotadas em unidades diversas”, complementa a titular da 7ª Vara Criminal. 

Por fim, Selma Arruda sugere auditorias nos Sistemas “Guardião” e “Vigia”, do Grupo de Atuação Especial no Combate do Crime Organizado (Gaeco) e da Policia Judiciária Civil, respectivamente. 

O Ofício foi encaminhado também ao Ministério Público Estadual (MPE), a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e a Corregedoria da Policia Civil. 



Diário de Cuiabá

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